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Internacional
Quarta - 20 de Abril de 2005 às 06:43

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Havana - Também na Cuba atéia e comunista ecoaram ontem os sinos das igrejas para anunciar a eleição do novo papa Bento XVI, que foi transmitida ao vivo pela TV estatal. Dezenas de fiéis cubanos se uniram aos turistas estrangeiros no paço da catedral de Havana assim que se divulgou a notícia da eleição do sucessor de João Paulo II que, em janeiro de 1998, fez uma visita histórica à ilha. A eleição de Joseph Ratzinger ao trono de Pedro ganhou destaque em todos os noticiários da TV cubana, controlada pelo regime.

Fidel Castro, que em 1992 mudou a Constituição substituindo o ateísmo pelo laicismo de Estado, permitindo também aos católicos aderir ao Partido Comunista, surpreendeu o mundo na morte de João Paulo II, ao decretar três dias de luto nacional e participar da missa em ajuda ao pontífice morto na catedral de Havana.

Fidel também enviou uma mensagem de pêsames ao Vaticano pela morte de João Paulo II, que definiu como "um amigo de Cuba". Por ocasião da morte do papa Wojtyla, o presidente cubano também permitiu ao cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana e primaz da Igreja Católica cubana, enviar uma mensagem aos católicos da ilha pela TV estatal.

Nunca o cardeal Ortega havia aparecido na TV cubana. Foi um gesto de respeito de Castro ao líder da Igreja de Roma que, em 1998, realizou uma visita histórica a Cuba e que, há apenas quatro meses, fez um apelo contra o embargo econômico imposto à ilha pelos Estados Unidos, afirmando que este "impede as condições reais de desenvolvimento de Cuba".

Segundo boatos que circularam por Havana, Fidel, 78 anos, também queria participar dos funerais no Vaticano, mas foi obrigado a desistir da viagem por motivos de saúde.

O presidente do Parlamento, Ricardo Alarcon, foi a Roma, mas Fidel quis lembrar a seu modo o papa Wojtyla. O presidente cubano apareceu em 7 de abril na TV cubana para elogiar publicamente a figura de João Paulo II e para afirmar que o papa não foi a Cuba para "derrotar a revolução".

"João Paulo II era um homem excepcional, um combatente incansável", disse Fidel, para quem o papa não ajudou a derrubar o comunismo e nem tentou derrotar a revolução cubana.

Segundo fontes da Cúria de Havana, 60% dos cerca de 11 milhões de cubanos são batizados, mas os católicos praticantes são em menor número.

Apesar das aberturas recentes, os católicos cubanos continuam a denunciar um forte ostracismo do regime para com eles.

Durante a visita de João Paulo II, Castro prometeu mais liberdade à igreja católica na ilha. Nos sete anos sucessivos porém o regime não permitiu a construção de uma única igreja nova e nem a ordenação de novos sacerdotes. "À parte o reconhecimento do Natal como dia festivo, nenhum de nossos pedidos foi atendido", disse o cardeal Jaime Ortega.




Fonte: Ansa

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