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Internacional
Terça - 19 de Abril de 2005 às 10:55

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A grave crise entre China e Japão foi suavizada nesta terça-feira por Pequim ao reconhecer os esforços de Tóquio para melhorar as relações entre os dois países, mas os chineses pediram aos japoneses que acompanhem suas palavras com ações concretas para ajudar a reduzir a tensão bilateral.

"Prestamos atenção às palavras do Japão, mas o que mais conta são as ações e os feitos concretos", afirmou Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Qin disse que o ministro de Exteriores japonês, Nobutaka Machimura, pediu desculpas pelo dano causado ao povo chinês durante a dominação militar japonesa (1931-1945), em sua viagem relâmpago a Pequim, encerrada na segunda-feira à noite.

Machimura também propôs a criação de um comitê misto de especialistas para a revisão da história comum e transmitiu um convite do primeiro-ministro Junichiro Koizumi a seu colega chinês, Wen Jiabao, para que visite o Japão.

No entanto, Qin pediu a Tóquio que dê "passos concretos e tome medidas para melhorar as relações bilaterais entre os dois países", que atravessam sua pior crise desde que estabeleceram vínculos diplomáticos, em 1972.

Pequim está considerando e estudando as propostas japonesas para a comissão de história e também deverá ser realizada uma reunião bilateral entre o primeiro-ministro Koizumi e o chefe de Estado chinês, Hu Jintao, no próximo fim de semana na Indonésia.

Segundo Qin, Pequim ainda não tomou uma decisão em relação a estes assuntos, mas quer melhorar as relações bilaterais com o Japão com base no princípio de "tomar a história como espelho e olhar em direção ao futuro".

Pequim pediu ao Japão que pense "sobre as causas profundas" da atitude dos cidadãos chineses, que durante os últimos três fins de semana protagonizaram agressivas manifestações de protesto antijaponeses em várias cidades da China.

Apesar dos 60 anos transcorridos desde o final da Segunda Guerra Mundial e os três trilhões de ienes (27,940 bilhões de dólares) que Tóquio investiu na China para ajudar o país a se desenvolver, o povo é ainda muito hostil ao Japão. "O Japão deveria pensar por que, apesar desta ajuda, os cidadãos chineses ainda têm este sentimento.

Deveria refletir", disse Qin.

Segundo o porta-voz, os violentos protestos chineses "não são contra os japoneses, mas contra um grupo de militaristas" no governo do Japão, e Pequim também não considera "que o povo seja culpado pela Segunda Guerra Mundial".

A China acusa o governo do primeiro-ministro japonês de ter criado tensão nas relações bilaterais com as visitas ao polêmico templo de Yasukuni, em Tóquio, onde mais de 2,5 milhões de mortos em combate desde meados do século XIX são homenageados, inclusive 14 criminosos de guerra condenados.

O porta-voz chinês também criticou a decisão de um tribunal japonês que nesta terça-feira rejeitou a apelação de 10 vítimas da guerra bacteriológica do Japão contra a China (durante sua dominação) e pediu a Tóquio que trate o assunto "com prudência".

O Japão considera que a China alimenta em seus cidadãos um sentimento anti-Japão, o que Qin qualificou de "mentira", mas defendeu o direito de cada país educar seus cidadãos no sentimento nacionalista.

O tom ligeiramente menos incendiário da China nesta terça-feira se soma à decisão de reparar os danos causados pelos manifestantes ao edifício da embaixada japonesa durante os protestos de 9 de abril.

Segundo um porta-voz de imprensa da legação, o Birô de Serviços Diplomáticos, responsável pelos consertos e outras tarefas de manutenção nas zonas diplomáticas, ofereceu a reparação gratuita de vidros quebrados e outros danos.

Qin não quis confirmar esta notícia, e se limitou a dizer que "um punhado de atos violentos ocorridos durante as manifestações serão tratados de acordo com a lei".

O porta-voz tentou aplacar o medo dos cidadãos japoneses na China, assegurando a eles que o governo chinês "protege e protegerá" os interesses estrangeiros no país.

Pequim pediu mais uma vez a seus cidadãos que "expressem com calma e de forma racional" seus sentimentos, e decidiu reforçar suas delegações diplomáticas no Japão, porque podem ocorrer manifestações de revanche.





Fonte: EFE

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