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Internacional
Segunda - 18 de Abril de 2005 às 23:33
Por: Philip Pullella e Crispian Bal

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Os cardeais da Igreja Católica começaram na segunda-feira o conclave na deslumbrante capela Sistina, mas a primeira votação terminou sem que um novo papa seja escolhido.

Cerca de duas horas e meia depois de os cardeais se isolarem do mundo sob os afrescos da capela, uma grossa fumaça preta surgiu na chaminé instalada no Vaticano, indicando que nenhum candidato obteve dois terços dos votos.

Inicialmente, uma tênue fumaça cinza saiu da chaminé, o que criou um rápido momento de confusão, pois milhares de pessoas que se reúnem na praça imaginaram que se tratava da fumaça branca que anuncia a eleição do papa — embora fosse altamente improvável que a escolha se desse já no primeiro dia do conclave.

Uma confusão semelhante aconteceu nos dois conclaves de 1978. Para evitar que ela se repetisse, o Vaticano instalou uma nova fornalha na capela e anunciou que a fumaça branca virá acompanhada do dobrar de sinos.

Antes que os 115 cardeais eleitores de 52 países se trancassem na capela, o influente cardeal alemão Joseph Ratzinger, ele próprio cotado para o cargo, pediu aos colegas que escolhessem um papa que proteja a rígida ortodoxia de João Paulo 2o., que morreu no dia 2.

O sermão pré-conclave de Ratzinger, que durante 23 anos foi o responsável pela doutrina no pontificado de João Paulo 2o., foi visto por muitos observadores como uma clara tentativa de defender a sua própria candidatura.

Vestindo seus mantos púrpura e ao som de um coro com orações em latim, os cardeais entraram em procissão na capela Sistina, onde ficarão sob o célebre afresco "O Juízo Final", de Michelangelo.

Um a um, os cardeais colocaram a mão direita sobre o Evangelho deixado no meio da capela, jurando guardar segredo e serem fiéis à Igreja.

Na missa ocorrida horas antes da abertura do conclave, Ratzinger alertou os cardeais para evitarem as pressões pela modernização da Igreja.

"Uma fé adulta não é a que segue a maré das tendências e das últimas novidades", disse ele. Embora aparece com destaque na lista dos "papabili", Ratzinger, 78, deve ter dificuldade para obter a maioria necessária, segundo os vaticanistas.

Depois do juramento, o arcebispo Piero Marini, chefe das cerimônias pontifícias, disse em latim "Extra omnes", "todos fora", ordenando a saída dos não-eleitores.

Os cardeais se sentaram lado a lado em duas grandes mesas que se estendiam pela capela. Cada um tinha uma respectiva placa de identificação, em mais um sinal de que vários cardeais não conhecem muito bem seus colegas.

Esse fator também aumenta o papel dos "grandes eleitores," que podem pressionar cardeais indecisos.

Quando as portas de madeira da capela Sistina se fecharam, a multidão presente na praça de São Pedro aplaudiu.

"Se você não acredita, acha que é como a política. Mas se acredita, como eu, no poder da oração, então sabe que eles serão iluminados para fazer a escolha correta," disse Annick Vandamme, que viajou de Paris.

Como na época medieval, os cardeais estão proibidos de manter contato com o mundo exterior, mas desta vez o Vaticano recorreu à tecnologia de ponta para garantir o sigilo. Celulares, jornais, televisão, rádio e Internet estão proibidos. Um piso falso foi colocado na capela, e sob ele está um equipamento contra grampos.

Os cardeais não farão debates dentro da capela, mas poderão manter conversações informais nas refeições e nos seus alojamentos, que ficam dentro do perímetro do Vaticano.

Em suas últimas especulações, os jornais italianos disseram que haverá um confronto aberto entre Ratzinger e um progressista, como o italiano Carlo Maria Martini, para que ambas as tendências meçam suas forças.

Mas nos conclaves, como nas corridas de longa distância, disparar na frente dos adversários logo no começo é visto como uma desvantagem.





Fonte: Reuters

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