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Nacional
Segunda - 18 de Abril de 2005 às 21:20
Por: Carolina Skandariam

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Uma pesquisa revelou que o fundo da Lagoa Rodrigo de Freitas está contaminado com metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos polinucleares, substâncias químicas derivadas de óleos lubrificantes e do petróleo e que podem ser cancerígenas.

A constatação foi feita depois da análise de sedimentos recolhidos em seis pontos da Lagoa no período de dois anos. A suspeita é de que a poluição, que está acima dos níveis recomendados e pode chegar aos peixes, siris e caranguejos, esteja sendo provocada pelos postos de gasolina da região. Mas os veículos também podem ser vilões.

A primeira pesquisa foi feita há dois anos pelo Departamento de Oceanografia e Hidrologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e constou de uma monografia.

As amostras de sedimento colhidas do fundo atestaram a presença de níquel, chumbo, zinco e cobre. Complementando o estudo, especialistas da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), analisaram em março deste ano cinco dos seis pontos escolhidos pela UERJ e detectaram, em quatro locais, a existência dos hidrocarbonetos.

Considerado o mais nocivo deles, o benzo-a-pireno, pode causar câncer, necrose de fígado e arritmias cardíacas. No ponto chamado T3 da lagoa (o mais poluído), na altura da Fonte da Saudade, uma amostra detectou 378 microgramas/kg da substância, quando o recomendado pelo ISQG (referência canadense para ambientes marinhos) é 88,8 microgramas/kg.

Apesar da contaminação, o médico Luiz Roberto Tenório, professor da UERJ e subsecretário de Saúde de Niterói (Grande Rio), disse que não há motivo para pânico. "Como essas substâncias estão no fundo, no momento, não há risco para a população. Mas, se nada for feito, o acúmulo dos metais pesados e dos hidrocarbonetos pode contaminar os peixes e afetar os pescadores e atletas que freqüentam a lagoa", informou ele, que participou do estudo da Alerj.

Para o professor Marcos Fernandez, do Departamento de Oceanografia e Hidrologia da UERJ, não se pode penalizar somente os postos de gasolina - há pelo menos 10 no entorno da lagoa. "Eles contribuem para a poluição, mas os veículos também, principalmente os de motor a diesel". Fernandez explicou que partículas da fumaça preta liberada pelos carros ficam na beira da lagoa e são arrastadas para a água quando chove.

Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj, o deputado Carlos Minc (PT), disse que vai pedir rigor na fiscalização dos postos da região e vai solicitar que eles ajudem financeiramente na dragagem dos locais contaminados. Segundo Minc, o menos poluído foi o ponto T5 (na área do pedalinho), onde houve uma dragagem do fundo há alguns anos. Na próxima etapa do trabalho, peixes, siris e caranguejos da lagoa serão examinados para ver se há contaminação.




Fonte: Agência Estado

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