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Saúde
Domingo - 17 de Abril de 2005 às 07:38

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A Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, desenvolveu um tratamento pioneiro que permitiu a recuperação dos movimentos de cães com paralisia.

O resultado aumenta as esperanças de que o método funcione com seres humanos, segundo os pesquisadores.

Até agora, nove cães que ficaram paralisados por acidentes de trânsito ou danos à coluna vertebral foram tratados pelos cirugiões veterinários Robin Franklin e Nick Jeffery, da Universidade de Cambridge.

Todos eles recuperaram alguma mobilidade, conseguindo sacudir as pernas traseiras em um mês, embora ainda estejam vagarosamente recuperando a capacidade de agüentar o próprio peso, segundo Jeffery.

Humanos

O tratamento inclui a retirada de células nervosas do cérebro que são injetadas na parte danificada da medula.

Geoffrey Raisman, um especialista do Instituto de Neurologia da University College London, disse à revista New Scientist que ele acredita que os mesmos benefícios poderão ser observados em seres humanos.

Uma equipe de cientistas australianos já tratou humanos com essas células, mas os resultados do tratamento só serão publicados em 2007.

Os pesquisadores de Cambridge usaram o tratamento em cães que estavam com paralisia havia pelo menos três meses.

O tratamento consiste em células chamadas OEG, ligadas ao olfato. Elas são as únicas células nervosas capazes de constante regeneração.

As células foram coletadas depois de cirurgia para abrir o crânio dos cães.

Elas foram, então, multiplicadas em laboratório e depois injetadas na medula.

Sensações

Além de recuperar em parte os movimentos, os animais parecem ter recuperado algumas sensações na parte inferior à região do traumatismo.

Três dos cães passaram a conseguir avisar seus donos se precisam urinar, embora ainda não tenham recuperado o controle.

Os pesquisadores dizem que não há indicações de que os animais consigam sentir dor novamente e, portanto, eles também não estão sofrendo dor de um nervo seccionado, um dos efeitos colaterais possíveis do tratamento.

A equipe de veterinários está procurando alternativas às células OEG, pois três dos cães sofreram ataques epilépticos como conseqüência da cirurgia.

Eles identificaram uma forma de célula tronco encontrada na mucosa do nariz e que poderá ser transformada em OEG no laboratório. Essas células podem ser coletadas a partir de raspagens no nariz, mas ainda não há resultados concretos sobre o uso delas.

Possibilidades

Cientistas estão avaliando diferentes possibilidades para ajudar as pessoas paralisadas a recuperar seus movimentos.

Um estudo publicado em dezembro mostrou que um produto químico chamado PEG injetado 48 horas depois do acidente parecia aumentar as chances de recuperação.

"É altamente improvável que apenas uma simples intervenção vai permitir a recuperação completa da atividade locomotora depois desse tipo de traumatismo extremamente severo da espinha", disse Nick Jeffery.

Para Geoffrey Raisman, "os resultados em cães são diretamente relevantes para as situações de seres humanos".

"É claro que não podemos ter certeza sem fazer mais pesquisa, mas é um indicador muito bom de que podemos esperar os mesmos efeitos", disse.

"Temos esperança de começar tratamentos semelhantes em humanos dentro de poucos anos."




Fonte: BBC Brasil

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