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Frei Betto acha que Igreja precisa de papa progressista
A Igreja Católica precisa de um Papa progressista capaz de abrir o debate sobre temas morais, como a sexualidade e o celibato, para frear a perda de fiéis, segundo o teólogo brasileiro Frei Betto.
Frei Betto (Carlos Alberto Libanio Christo), um frade dominicano considerado um dos representantes mais ativos da Teologia da Libertação, analisou, em entrevista à EFE, as realizações de João Paulo II e os desafios da Igreja Católica na escolha de seu sucessor.
Apesar da contundente rejeição de João Paulo II à Teologia da Libertação, que teve considerável penetração na América Latina, Frei Betto elogiou o papa e afirmou que, durante seu pontificado, teve evoluções que o levaram a defender alguns pontos da doutrina da "Igreja dos Pobres".
"João Paulo II tinha uma cabeça conservadora em relação à doutrina e um coração progressista em relação ao social. Ele vivia nesse paradoxo", opinou Frei Betto, que participa em Havana de um encontro de teólogos que coincide com o 20º aniversário da publicação de seu livro "Fidel ea Religião".
"João Paulo II evoluiu, o que para nós significou que a Teologia da Libertação entrou no Vaticano", acrescentou Frei Betto, que abandonou recentemente o cargo de assessor do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
As críticas do papa à globalização e sua independência em relação aos EUA foram, segundo ele, dois elementos fundamentais para ilustrar sua "sensibilidade social".
"É muito emblemático ver (o presidente dos Estados Unidos) George Bush de joelhos em frente ao caixão de João Paulo II. Essa foto de Bush de joelhos está no consciente dos cardeais. Não podemos nos ajoelhar diante do imperador do mundo", afirmou.
Frei Betto frisou que a Igreja "deve manter a independência e o respeito pela diversidade política": "João Paulo II não caiu na armadilha de que o modelo americano de democracia deve ser o critério de legitimação de um regime político".
"O papa soube utilizar seu talento de ator e seu magnetismo para se conectar com as massas", acrescentou.
É difícil que seu sucessor tenha esse dom, mas, segundo Frei Betto, o próximo papa deve seguir a linha progressista na área social e ser capaz de abrir o grande debate sobre a Teologia Moral que João Paulo "congelou" II e de abordar temas como a homossexualidade, o uso de anticoncepcionais, o celibato e o papel da mulher na Igreja.
"O papa terá de abrir o debate, se não o fizer, a Igreja perderá muitos fiéis e vai continuar nessa esquizofrenia. O discurso eclesiástico vai para uma direção e a prática dos fiéis para outra", advertiu.
Um claro exemplo dessa "esquizofrenia", segundo ele, acontece na América Latina, onde a Igreja Católica "ainda não alcançou a modernidade" e perdeu milhões de fiéis.
Além disso, o novo papa deve manter a crítica de João Paulo II ao modelo de globalização, que Frei Betto classificou como "globocolonização, porque é a imposição de um único modelo de sociedade a todo o planeta".
"Não há futuro para a humanidade nesta globocolonização, temos que fazer uma globalização solidária, reduzir as desigualdades entre o Norte e o Sul", concluiu.
Frei Betto arriscou um palpite sobre o sucessor de João Paulo II.
Para ele, será um cardeal com entre 63 e 75 anos, poliglota, bem visto pela cúria romana e ortodoxa mas, ao mesmo tempo, progressista no social e capaz de se conectar aos fiéis.
"São poucos os cardeais que reúnem essas qualidades e Cláudio Hummes, o arcebispo de São Paulo, é um deles, porque tem a idade adequada (70 anos) e mantém uma posição que pode ser aceita pelos setores liberais e conservadores.
Frei Betto (Carlos Alberto Libanio Christo), um frade dominicano considerado um dos representantes mais ativos da Teologia da Libertação, analisou, em entrevista à EFE, as realizações de João Paulo II e os desafios da Igreja Católica na escolha de seu sucessor.
Apesar da contundente rejeição de João Paulo II à Teologia da Libertação, que teve considerável penetração na América Latina, Frei Betto elogiou o papa e afirmou que, durante seu pontificado, teve evoluções que o levaram a defender alguns pontos da doutrina da "Igreja dos Pobres".
"João Paulo II tinha uma cabeça conservadora em relação à doutrina e um coração progressista em relação ao social. Ele vivia nesse paradoxo", opinou Frei Betto, que participa em Havana de um encontro de teólogos que coincide com o 20º aniversário da publicação de seu livro "Fidel ea Religião".
"João Paulo II evoluiu, o que para nós significou que a Teologia da Libertação entrou no Vaticano", acrescentou Frei Betto, que abandonou recentemente o cargo de assessor do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
As críticas do papa à globalização e sua independência em relação aos EUA foram, segundo ele, dois elementos fundamentais para ilustrar sua "sensibilidade social".
"É muito emblemático ver (o presidente dos Estados Unidos) George Bush de joelhos em frente ao caixão de João Paulo II. Essa foto de Bush de joelhos está no consciente dos cardeais. Não podemos nos ajoelhar diante do imperador do mundo", afirmou.
Frei Betto frisou que a Igreja "deve manter a independência e o respeito pela diversidade política": "João Paulo II não caiu na armadilha de que o modelo americano de democracia deve ser o critério de legitimação de um regime político".
"O papa soube utilizar seu talento de ator e seu magnetismo para se conectar com as massas", acrescentou.
É difícil que seu sucessor tenha esse dom, mas, segundo Frei Betto, o próximo papa deve seguir a linha progressista na área social e ser capaz de abrir o grande debate sobre a Teologia Moral que João Paulo "congelou" II e de abordar temas como a homossexualidade, o uso de anticoncepcionais, o celibato e o papel da mulher na Igreja.
"O papa terá de abrir o debate, se não o fizer, a Igreja perderá muitos fiéis e vai continuar nessa esquizofrenia. O discurso eclesiástico vai para uma direção e a prática dos fiéis para outra", advertiu.
Um claro exemplo dessa "esquizofrenia", segundo ele, acontece na América Latina, onde a Igreja Católica "ainda não alcançou a modernidade" e perdeu milhões de fiéis.
Além disso, o novo papa deve manter a crítica de João Paulo II ao modelo de globalização, que Frei Betto classificou como "globocolonização, porque é a imposição de um único modelo de sociedade a todo o planeta".
"Não há futuro para a humanidade nesta globocolonização, temos que fazer uma globalização solidária, reduzir as desigualdades entre o Norte e o Sul", concluiu.
Frei Betto arriscou um palpite sobre o sucessor de João Paulo II.
Para ele, será um cardeal com entre 63 e 75 anos, poliglota, bem visto pela cúria romana e ortodoxa mas, ao mesmo tempo, progressista no social e capaz de se conectar aos fiéis.
"São poucos os cardeais que reúnem essas qualidades e Cláudio Hummes, o arcebispo de São Paulo, é um deles, porque tem a idade adequada (70 anos) e mantém uma posição que pode ser aceita pelos setores liberais e conservadores.
Fonte:
EFE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/346006/visualizar/
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