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Internacional
Sábado - 16 de Abril de 2005 às 13:36
Por: Irwin Arieff

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Membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que encerraram neste sábado uma visita de quatro dias ao Haiti prometeram olhar com atenção o pedido do país por mais policiais envolvidos na manutenção da paz. Os embaixadores, porém, manifestaram preocupação com as profundas divisões entre os vários partidos políticos do Haiti poucos meses antes das eleições, planejadas para novembro.

O conselho, encarregado de garantir a paz e segurança internacionais, realizava a sua primeira visita oficial a um país da América Latina e Caribe, para monitorar a missão da ONU no Haiti. A visita ocorreu 14 meses depois que o presidente Jean-Bertrand Aristide, diante de uma rebelião armada, fugiu para a África do Sul, onde se exilou.

O conselho pressionou o governo interino do Haiti a manter o cronograma eleitoral e a adotar uma postura mais agressiva contra as gangues armadas que aterrorizam partes do país.

Durante a visita dos membros do conselho, um soldado filipino das forças de manutenção da paz foi morto a tiros no bairro de Cité Soleil, em Porto Príncipe, a favela mais pobre e violenta do país. O assassinato, na quinta-feira, elevou para três o número de soldados mortos em ação no Haiti desde o início da mais recente missão de manutenção de paz em junho.

No dia seguinte, uma operação conjunta de soldados jordanianos da ONU e de policiais haitianos reagiu com um ataque a Cité de Soleil que culminou com a morte de 10 pistoleiros. Segundo fontes da ONU, a operação vai continuar.

A operação foi parte de uma postura mais agressiva adotada pela força da ONU nas últimas semanas para pôr fim à violência. Pelo menos 650 haitianos foram mortos desde setembro, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.

MAIS POLÍCIA INTERNACIONAL

O primeiro-ministro interino, Gérard Latortue, disse aos embaixadores visitantes que seu governo "sem dúvida" vai realizar eleições conforme o programado, mas afirmou que um número maior de policiais internacionais ajudaria a garantir a segurança durante a campanha.

O embaixador brasileiro, Ronaldo Sardenberg, líder da delegação, disse que o Conselho de Segurança dará atenção aos pontos de vista do Haiti quanto às suas necessidades, quando a missão de manutenção de paz da ONU —conhecida pela sigla MINUSTAH— for renovada, em maio.

"Acho que isso terá um impacto muito bom nos nossos esforços de aprovar uma nova resolução pela expansão do mandato da MINUSTAH no próximo mês", afirmou.

Há atualmente 1.400 policiais internacionais no Haiti, além de 6.200 soldados da ONU.

"No processo eleitoral, é essencial que o trabalho preparatório seja acelerado e que a eleição ocorra conforme o planejado", disse o embaixador francês Jean-Marc de la Sablière.

Numa reunião dos membros do conselho com líderes políticos, 14 partidos enviaram representantes. Vários mandaram mais de um, entre eles a Família Lavalas, poderoso partido de Aristide, que enviou quatro.

Segundo os embaixadores, os quatro não conseguiram chegar a um acordo quanto a se participariam da eleição. Membros do conselho disseram esperar que Lavalas participe da disputa, mas destacaram que ele terá de renunciar à violência para concorrer.

"Eles têm muito trabalho à frente para buscar a reconciliação", afirmou Sabliere.





Fonte: Reuters

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