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Cardeais votam em latim mas trocam idéias em italiano
Quando os cardeais católicos votarem no Vaticano para eleger um novo papa na semana que vem, eles prestarão um juramento perante Deus em latim e votarão em cédulas escritas na língua oficial da Igreja.
No entanto, qualquer debate ou comparação de anotações entre os escrutínios será quase certamente feito em italiano. A maioria dos "príncipes da Igreja" ficaria perdida se fosse abordada por um cardeal falando latim.
A língua clássica serviu à Igreja durante séculos como o elo entre o alto clero católico. Os 115 cardeais que elegerão o próximo papa vêm de todas as partes do mundo e falam diversas línguas.
Mas o desaparecimento do latim dentro da Igreja, que parou de usar a língua para celebrar missas em 1965 e para a formação de padres nas universidades pouco depois, fez com que o italiano, idioma do dia-a-dia no Vaticano, se tornasse a norma.
"Conseguimos nos comunicar uns com os outros. A maioria dos cardeais fala italiano", explicou o cardeal de Londres, Cormac Murphy-O'Connor, que aprendeu a falar fluentemente o idioma quando estudou em Roma, nos anos 50. "Seria raro encontrar um cardeal que não fale."
Muitos outros cardeais aprenderam o idioma da mesma forma, depois de cursarem a universidade pontifical em Roma ou ocuparem um cargo no Vaticano que indica a ascensão na carreira eclesiástica.
Falar italiano tornou-se inclusive uma exigência não-oficial para o papado. O papa polonês João Paulo surpreendeu a multidão na Praça São Pedro na noite em que foi eleito, em 1978, quando se dirigiu aos fiéis em italiano fluente.
"Não sei se me expressarei direito no seu idioma. Se cometer algum erro, corrijam-me", disse.
SEM PIADAS, POR FAVOR
Devido à idade, todos, exceto os cardeais mais jovens, celebraram missas em latim antes da decisão do Segundo Conselho do Vaticano, em 1965, de trocar a língua pelos idiomas locais.
Mas recitar textos é fácil, o difícil é conversar em latim.
"Eu conto piadas aos cardeais em latim, e a maioria não ri", disse em tom de reprovação o padre Reginald Foster, professor de latim na Pontifícia Universidade Gregoriana. "Alguns dizem que não têm idéia do que eu estou falando."
Entre os poucos que entendem está o cardeal Joseph Ratzinger, apontado com o favorito na disputa pelo papado. Alguns europeus do leste também mantiveram a tradição, disse Foster.
De acordo com a imprensa italiana, a maioria dos cardeais que fala nas sessões anteriores ao conclave, conhecidas como "congregatio generalis" (congregação geral), se dirige aos colegas em italiano.
Os homens da Igreja que chegaram ao posto de cardeal são geralmente lingüistas que passaram pelo menos vários anos estudando em um país estrangeiro.
O papa João Paulo costumava falar polonês com seu secretário particular, alemão com seu principal especialista doutrinário, italiano com muitos cardeais e inglês, francês e espanhol com os visitantes.
No entanto, qualquer debate ou comparação de anotações entre os escrutínios será quase certamente feito em italiano. A maioria dos "príncipes da Igreja" ficaria perdida se fosse abordada por um cardeal falando latim.
A língua clássica serviu à Igreja durante séculos como o elo entre o alto clero católico. Os 115 cardeais que elegerão o próximo papa vêm de todas as partes do mundo e falam diversas línguas.
Mas o desaparecimento do latim dentro da Igreja, que parou de usar a língua para celebrar missas em 1965 e para a formação de padres nas universidades pouco depois, fez com que o italiano, idioma do dia-a-dia no Vaticano, se tornasse a norma.
"Conseguimos nos comunicar uns com os outros. A maioria dos cardeais fala italiano", explicou o cardeal de Londres, Cormac Murphy-O'Connor, que aprendeu a falar fluentemente o idioma quando estudou em Roma, nos anos 50. "Seria raro encontrar um cardeal que não fale."
Muitos outros cardeais aprenderam o idioma da mesma forma, depois de cursarem a universidade pontifical em Roma ou ocuparem um cargo no Vaticano que indica a ascensão na carreira eclesiástica.
Falar italiano tornou-se inclusive uma exigência não-oficial para o papado. O papa polonês João Paulo surpreendeu a multidão na Praça São Pedro na noite em que foi eleito, em 1978, quando se dirigiu aos fiéis em italiano fluente.
"Não sei se me expressarei direito no seu idioma. Se cometer algum erro, corrijam-me", disse.
SEM PIADAS, POR FAVOR
Devido à idade, todos, exceto os cardeais mais jovens, celebraram missas em latim antes da decisão do Segundo Conselho do Vaticano, em 1965, de trocar a língua pelos idiomas locais.
Mas recitar textos é fácil, o difícil é conversar em latim.
"Eu conto piadas aos cardeais em latim, e a maioria não ri", disse em tom de reprovação o padre Reginald Foster, professor de latim na Pontifícia Universidade Gregoriana. "Alguns dizem que não têm idéia do que eu estou falando."
Entre os poucos que entendem está o cardeal Joseph Ratzinger, apontado com o favorito na disputa pelo papado. Alguns europeus do leste também mantiveram a tradição, disse Foster.
De acordo com a imprensa italiana, a maioria dos cardeais que fala nas sessões anteriores ao conclave, conhecidas como "congregatio generalis" (congregação geral), se dirige aos colegas em italiano.
Os homens da Igreja que chegaram ao posto de cardeal são geralmente lingüistas que passaram pelo menos vários anos estudando em um país estrangeiro.
O papa João Paulo costumava falar polonês com seu secretário particular, alemão com seu principal especialista doutrinário, italiano com muitos cardeais e inglês, francês e espanhol com os visitantes.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/346118/visualizar/
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