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Internacional
Sábado - 16 de Abril de 2005 às 08:38

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O conflito diplomático entre China e Japão piorou neste sábado com novos protestos nas grandes cidades chinesas de Hangzhou, Tianjin e Xangai, nas quais voltou a haver apedrejamentos a lojas e outros episódios de violência.

Apesar do Governo chinês pedir calma durante os últimos dias depois de atos similares no sábado passado em Pequim, Cantão e Shenzhen, os protestos se repetiram ante a não atuação das forças de ordem, curiosamente em três cidades onde na semana passada não aconteceram grandes concentrações antijaponesas.

Os incidentes mais violentos foram em Xangai, a maior cidade da China, onde dezenas de milhares de pessoas, segundo cifras oficiais (5 mil segundo testemunhas presenciais) marcharam ao longo da Avenida Yanan.

Alguns deles apedrejaram com ladrilhos e paralelepípedos o consulado nipônico na cidade, segundo comprovou a EFE, e várias lojas pertencentes a célebres marcas japonesas, sendo que em muitos casos eram negócios de comerciantes chineses.

Uma dezena de manifestantes ficaram lesionados levemente ao serem atingidos pelos objetos lançados ou serem empurrados pelas forças policiais, e uma jovem teve que ser hospitalizada com um ferimento na cabeça.

"Não odiamos o Japão, mas queremos que reconheça os erros de seu passado, como fez a Alemanha", comentou à EFE uma jovem estudante durante os protestos.

Na cidade de Hangzhou, 150 quilômetros ao sul, por volta de 2 mil pessoas se reuniram junto ao estádio Huanglong para cantar frases antijaponesas e pedir o boicote para os produtos nipônicos.

Uma cena similar aconteceu em Tianjin, porto do norte vizinho a Pequim, onde outras 2 mil pessoas protestaram na Praça Yinle pelas "últimas medidas japonesas, que afetam as relações com a China", segundo destacou uma nota da agência Xinhua.

Os manifestantes nas três cidades foram convocados através de páginas web de associações antijaponesas, fóruns estudantis na rede e mensagens via telefone celular, da mesma forma que ocorreu na semana passada, quando 10 mil pessoas protestaram em Pequim.

Nas concentrações de hoje, houve cartazes com a bandeira japonesa, fotos do massacre de civis chineses por parte das tropas japonesas em Nankin (1937) e imagens ridicularizadas do primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, entre outras.

As forças de segurança de Pequim e Cantão aumentaram hoje o número de efetivos na Praça da Paz Celestial e em outros lugares centrais ante o temor de que se repetissem as ações da semana passada.

O segundo fim de semana de protestos coincide com a forte tensão que há entre os Governos de Pequim e Tóquio, enfrentados por temas históricos, estratégicos e comerciais.

As manifestações da semana passada foram alimentadas pelos protestos irados do governo chinês em 5 de abril, horas depois que Tóquio aprovou a publicação de livros para estudantes nipônicos que segundo Pequim distorciam a ocupação da China pelo Japão (1931-45).

As autoridades chinesas culpam Tóquio há anos de não admitir as atrocidades cometidas nessa época, e põem como exemplo as freqüentes visitas de Koizumi ao santuário japonês Yasukuni, onde repousam os corpos de alguns criminosos da Segunda Guerra Mundial.

Esta semana o Japão recebeu a visita do Dalai Lama, considerado "persona non grata" pela China, e Tóquio autorizou a prospecção de jazigos de gás natural em águas do Mar da China Meridional reclamadas por Pequim, eventos que aumentaram as tensões.

No clima ruim também há o desejo do Japão de ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, algo ao que a China se opõe e também foi condenado por alguns manifestantes nas marchas dos dois últimos fins-de-semana.

Segundo analistas, a tensão diplomática responde ao fato de o Japão ver cada vez mais a China como um rival político e comercial na Ásia, o que aumenta as disputas entre as duas potências regionais.

No ano passado, o Japão destacou em sua nova política de defesa que a China é uma possível ameaça militar no futuro, o que também foi recebido com desaprovação pelo governo chinês.

As autoridades nipônicas se opõem além disso ao levantamento do embargo da União Européia sobre a venda de armas à China, imposto em 1989 e ao qual os Governos de países como França ou Alemanha desejam colocar fim.

Além disso, em fevereiro o Japão se alinhou do lado dos EUA em relação a sua defesa de Taiwan, através de um comunicado conjunto no qual Washington e Tóquio consideraram a disputa taiuanesa como "vital na segurança da região Ásia-Pacífico", o que novamente foi protestado pela China.

Espera-se que amanhã chegue a Pequim o ministro de Assuntos Exteriores japonês, Nobutaka Machimura, e se reúna com seu homólogo chinês, Li Zhaoxing, para analisar a tensão bilateral e buscar possíveis soluções.





Fonte: EFE

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