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Esportes
Sexta - 15 de Abril de 2005 às 16:40

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São Paulo - Depois de quase 40 horas preso, o zagueiro argentino do Quilmes, Leandro Desábato, foi colocado em liberdade na tarde desta sexta-feira pela polícia paulista, num episódio que certamente vai entrar para a história do futebol brasileiro. Acusado de racismo pelo atacante Grafite, do São Paulo, o jogador argentino foi preso na quarta-feira, ainda no gramado do Morumbi, num procedimento inédito no mundo. Levado ao 34º Distrito Policial, na Vila Sônia, zona Sul da cidade, próximo ao estádio, ele foi autuado por injuria racista e corre o risco de ser condenado a pena que varia de 1 a 3 anos de prisão. Ele saiu da cadeia e poderá viajar para a Argentina, mas assinou termo de responsabilidade, se comprometendo a voltar ao Brasil sempre que requisitado.

No dia seguinte à prisão, a Justiça estabeleceu uma fiança de R$ 10 mil, mas os advogados e os dirigentes do clube não conseguiram reunir o dinheiro a tempo de obter o alvará de soltura. Por conta disso, o atleta foi transferido na noite de ontem para o 13º DP, na zona norte da cidade, onde estava até agora.

O zagueiro foi preso depois de ter chamado Grafite de “negrito de mierda” e ter feito outras ofensas de cunho racista. Ao final do jogo, válido pelo Grupo 3 da Libertadores, o advogado do São Paulo, José Carlos Ferreira Alves, acionou o delegado Oswaldo Gonçalves, o Nico, que estava no estádio, pedindo um flagrante por crime de racismo. A autoridade entrou no gramado e intimou Desábato ali mesmo.

Nico já havia sido acionado pelo Delegado Geral da Polícia Cicil, Marco Antônio Desgualdo, e pelo secretário da Segurança Pública, Saulo Abreu. Ambos são são-paulinos, assistiam ao jogo pela TV e ficaram indignados com a atitude do argentino. Grafite também compareceu ao Distrito para prestar depoimento.

Jornais de todo o mundo noticiaram a prisão do zagueiro. A notícia chegou até o outro lado do mundo: no China View, a punição ao jogador do Quilmes estava em seu canal de esportes. O assunto estava nos principais jornais especializados: As e Marca, da Espanha, Olé, da Argentina, Gazzetta dello Sport, da Itália, e A Bola, de Portugal.

O incidente também foi abordado por diários que não se dedicam só ao esporte, como o americano The New York Times e o argentino Clarín, principal jornal do país.

O presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Nicolás Leoz, promete ser duro com o zagueiro. "Não podemos admitir o racismo no futebol. Seguramente, será punido severamente", afirmou o dirigente. O argentino pode ser suspenso até o fim da Taça Libertadores - o Quilmes tem mais dois jogos na primeira fase, contra The Strongest, dia 28, e Universidad do Chile, dia 11 de maio. Leoz, no entanto, vai aguardar o relatório do árbitro Martín Vasquez, do Uruguai, e do delegado do jogo contra o São Paulo para tomar uma decisão oficial. "Ele está fora do próximo jogo pela Libertadores", antecipou.

Cela - Apesar de não ter diploma universitário, Desábato foi colocado numa cela especial, de 2 metros quadrados, por motivo de segurança. De acordo com a polícia, ele passou a noite numa cela individual, com banheiro e colchão. Mostrou-se abatido e teria chorado diversas vezes durante a noite.

Hoje pela manhã, recebeu visitas dos advogados. Pediu para falar com os familiares, mas não foi atendido. Alimentou-se de sanduíches levados por seus representantes e tomou chimarrão.

Indenização - A diretoria do Quilmes afirma que o time argentino está sendo alvo de uma campanha realizada pelo setor esportivo brasileiro, que o pretende utilizar como "bode expiatório" para demonstrar, perante os times europeus, que o Brasil também está lutando contra a discriminação racial nos estádios. O técnico do Quilmes, Gustavo Alfaro, definiu a acusação de racismo como "uma farsa".

O vice-presidente do clube argentino, Julio Garcia prometeu mover uma ação judicial pedindo reparação de danos em conseqüência da prisão. O dirigente considera que a detenção foi injustificada e que o jogador e a delegação argentina foram maltratados no Brasil.

Grafite disse que até aceita desculpas do jogador argentino, mas garantiu que não vai retirar a denúncia.

A delegação do Quilmes permaneceu em São Paulo durante todo o tempo. Nestes dois dias, os jogadores realizaram rápidas atividades físicas na academia do hotel onde estão hospedados.

Os argentinos deverão viajar somente às 22h30 parsa Buenos e o cônsul argentino já pediu às autoridades brasileiras que o grupo seja mantido num sala especial no aeroporto de Guarulhos. O objetivo é evitar contatos com a população brasileira.

Quilmes promete pedir indenização



Argentino paga fiança e deve ser solto

Desábato toma chimarrão na prisão

Jogador deve ser libertado à tarde

Desábato passará a noite no 13º DP

São Paulo com receio de jogar na Argentina

Grafite perdoa, mas mantém processo

Grondona considera prisão um "exagero"

Teixeira e Parreira repudiam racismo

Embaixador quer desculpas de Desábato

Câmara convida Grafite a debater o racismo

Quilmes: delegação passou dia no hotel

Desábato é um ilustre desconhecido

Governo brasileiro condena ato racista

Ibase encaminhará mensagens à Fifa

Desábato é transferido de delegacia

Alckmin condena racismo de Desábato

Argentino é suspenso preventivamente

Nicolás Leoz visita jogador argentino

Grafite conseguiu o que queria”, diz Olé

Quilmes acusa São Paulo de montar farsa

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Enquete em jornal argentino vê racismo

“Atleta não demonstrou arrependimento”

Delegação do Quilmes está retida em SP

Jogador argentino está incomunicável

Advogados tentam livrar jogador

Desábato preso por racismo no Morumbi

São Paulo vence Quilmes e lidera Grupo 3




Fonte: Agencia Estado

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