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Esportes
Sexta - 15 de Abril de 2005 às 11:40

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O técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, está preocupado que a prisão do argentino Leandro Desábato pela acusação de injúria racial contra o atacante Grafite tenha reflexos no jogo em Buenos Aires entre Brasil e Argentina, em junho, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo.

"Não gostaria que fosse além da área esportiva. Acho que esse fato que ocorreu no Morumbi ¿ o jogo foi muito quente e disputado ¿ deveria ficar entre São Paulo e Quilmes. Brasil e Argentina são duas seleções campeãs mundiais, não têm nada a ver com o jogo entre estas equipes", afirmou Parreira.

"Torço para que Brasil e Argentina fiquem dentro da área esportiva e resolvam sua situação dentro de campo, tecnicamente, da maneira mais limpa possível."

Desábato foi detido na noite de quarta-feira após o jogo entre São Paulo e Quilmes, pela Copa Libertadores. O lance aconteceu ainda no primeiro tempo, quando o argentino teria feito ofensas racistas contra Grafite. O brasileiro devolveu a provocação empurrando o rosto do adversário e foi expulso.

Logo após o jogo, vencido pelo São Paulo por 3 a 1, Desábato foi levado ao 34º DP. O argentino prestou depoimento e, de acordo com o delegado Dejar Gomes Neto, admitiu ter chamado Grafite de "negrito" e disse não ter se arrependido.

Desábato deve ser liberado ainda nesta sexta-feira após pagamento de fiança. Porém, ele teve que passar duas noite na prisão porque seus advogados não conseguiram pagar os R$ 10 mil até o prazo das 19h (de Brasília) de quinta-feira.

Os representantes do jogador argentino prometem pagar a fiança assim que os bancos em São Paulo abrirem para que o jogador saia da cadeia ainda na sexta-feira.

Parreira afirmou ainda que problemas de racismo contra brasileiros não é nenhuma novidade no mundo do futebol.

O técnico relembrou que após a Copa do Mundo de 1994, quando dirigiu o clube espanhol Valencia, os jogadores Mauro Silva e Mazinho, que também atuavam no país, se queixaram de ofensas racistas contra eles.

"A nossa preocupação é que o racismo não cresça, mas ele sempre existiu. Eu me lembro que Mazinho e Mauro Silva, quando trabalhei na Espanha, já se referiam de um modo velado a isso. Não era tão agressivo como hoje em dia."

"Acho que Fifa, CBF e os governos tem que aplicar sanções graves para que o racismo não ganhe proporções gigantescas. O racismo não tem nenhum sentido no mundo atual. O futebol não tem nada a ver com racismo."

O presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Nicolás Leoz, disse na quinta-feira que o jogador argentino está suspenso preventivamente por um jogo. Ele será julgado após a entidade receber o relatório do delegado enviado pela Conmebol à partida.





Fonte: Reuters

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