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Cidades/Geral
Quinta - 14 de Abril de 2005 às 07:53

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Apenas 30% dos casos de trabalho escravo denunciados são fiscalizados. Neste ano, foram denunciados 11 casos em Mato Grosso, que lidera junto com Pará o ranking do trabalho escravo no país. O número de trabalhadores libertados vem caindo pois a fiscalização não é efetiva. Essas informações foram repassadas pelos integrantes do Fórum de Combate ao Trabalho Escravo na coletiva à imprensa realizada hoje, 13, às 14 horas, no auditório da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (Famev) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Segundo o coordenador nacional da campanha de Combate ao Trabalho Escravo pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frei Xavier Plassat, apesar de existirem grupos sociais conscientes da existência do trabalho escravo no país, o número de fiscalização diminui por desinteresse principalmente do governo. Em Mato Grosso, Plassat afirma que os interesses ligados ao agronegócio pioram a aplicação de recursos destinados à fiscalização rural. “O número de trabalhadores que vivem na escravidão nunca é divulgado de acordo com a realidade. Hoje só existe fiscalização se um fugitivo consegue denunciar a escravidão”, garante Plassat.

De acordo com a ex-coordenadora de Operacionalização do Grupo Móvel (unidade criada em 1995 para fiscalizar o trabalho escravo), Valderez Rodrigues, a escravidão em Mato Grosso é ainda mais desumana quando se trata de higiene, segurança, moradia e alimentação adequadas. “É impossível aceitar a violência que existe contra esses trabalhadores”. Valderez também acusa o interesse econômico pela existência da escravidão. “Certamente 95% das grandes empresas agroindustriais foram formadas com trabalho escravo”, diz. A cultura escravocrata do país permite ainda que trabalhadores escravos não se reconheçam como tais. “Já escutei durante uma fiscalização, um trabalhador afirmando que não era escravo porque não era negro”, exemplifica a auditora fiscal do trabalho aposentada.

Para o historiador Joanani Vitali Neto, a pressão para que não se combata o trabalho escravo é sobre qualquer tipo de instituição, inclusive da imprensa. “Não podemos nos calar”, afirmou.

Às 14 horas, a denúncia foi representada ao Ministério Público Federal.

O movimento de combate à escravidão continua nos dias 15 e 16, em Sinop, no encontro “Cidadania Sim, Trabalho Escravo Não”.




Fonte: Pau e Prosa

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