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Nacional
Quinta - 14 de Abril de 2005 às 02:30
Por: José Francisco Pacóla

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Serra Negra - Uma operação da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Estadual, deflagrada na manhã desta quarta-feira simultaneamente em São Paulo e Serra Negra, começou a desmantelar um grande esquema de lavagem de dinheiro que movimenta mais de R$ 8 milhões mensais, dinheiro que seria fruto de contrabando e operações ilegais de câmbio. O esquema é investigado há mais de seis meses pelo MPE, que apurou o envolvimento do advogado Elias Jorge, ex-prefeito de Serra Negra e candidato do PMDB derrotado nas últimas eleições, e de um gerente de banco da cidade.

A operação da Polícia Federal mobilizou 13 delegados, 35 agentes e três escrivães, que vasculharam 13 escritórios e agências bancárias, três dos quais na região dos Jardins, em São Paulo, e os demais em Serra Negra. A operação parou a cidade do interior. Na Capital, dois homens foram presos em flagrante, mas seus nomes não foram revelados. Nas blitze, foram apreendidos computadores, agendas e centenas de documentos, entre os quais recibos de remessa de dinheiro para várias partes do País e do exterior. Por ordem judicial, cerca de R$ 1 milhão foi bloqueado das contas dos envolvidos.

Alegando que o inquérito sobre o caso é sigiloso, os delegados da PF responsáveis pelas diligências recusaram-se a dar qualquer detalhe sobre a investigação. Os promotores públicos de Serra Negra, Michel Betenjane Romano e Gustavo Chaim Pozzebon, afirmaram não poder dar declarações porque o caso passou para competência do MPF.

A Agência Estado apurou, entretanto, que o esquema começou a ser investigado no final do ano passado pelo Ministério Público de Serra Negra, depois que foram identificadas movimentações milionárias feitas por pequenas empresas em contas mantidas na Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Bradesco. O MP conseguiu autorização judicial para realizar a escuta telefônica dos suspeitos, que também tiveram seu sigilo bancário quebrado.

As investigações apontaram para a empresa Banrec Serviços Ltda., com escritórios na Avenida Paulista e Alameda Santos, na Capital, responsável por transferências diárias de altas somas para contas de três empresas de Serra Negra: Silane Indústria e Artigos de Couro Ltda, E.J. Empreendimentos Imobiliários Ltda e Doce Vida ME. O ex-prefeito de Serra Negra, Elias Jorge, é o sócio da E.J. Empreendimentos e a Silane está registrada em nome de duas funcionárias de Jorge. A Doce Vida pertence a José Roberto Balaio, apontado como "testa de ferro" de Elias Jorge.

O esquema - De acordo com as investigações, a Banrec é intermediária da Uno Money Transfer, uma empresa com vários escritórios internacionais, que estaria captando dinheiro no Exterior para remessa ao Brasil. A Banrec manteria o dinheiro no Exterior e pagaria os destinatários no Brasil, em reais. Nessa etapa entram as empresas de Serra Negra, que receberiam regulamente depósitos feitos pela Banrec e uma lista de pessoas a quem deveriam remeter o dinheiro. Somente no período de três meses o esquema movimentou mais de R$ 50 milhões, segundo as apurações. Por conta disso, a PF bloqueou cerca de R$ 1 milhão nas contas das empresas nas agências do HSBC, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal de Serra Negra.

O gerente da CEF, Miguel Pio Santos, é um dos suspeitos de participar da operação. Ele se tornou alvo da apuração não apenas pelas grandes movimentações das três pequenas empresas na agência que dirige, mas porque tentou beneficiar a E. J. em cerca de R$ 300 mil. Procurado por um oficial de Justiça que iria fazer o bloqueio judicial de uma conta da empresa de Elias Jorge, ele fez o oficial esperar e, enquanto isso, transferiu grande parte do saldo bancário para outra conta, sem saber que tudo era monitorado online.

O ex-prefeito Elias Jorge não foi localizado pela Agência Estado para falar sobre a investigação. O gerente Miguel Pio Santos, procurado pessoalmente não foi localizado e não retornou as ligações.




Fonte: Agência Estado

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