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Internacional
Quarta - 13 de Abril de 2005 às 20:10

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João Paulo II foi um exemplo de simplicidade e de desapego às coisas terrenas, de serviço fiel e desinteressado, e de constante disponibilidade e dócil adesão à vontade de Deus, afirmou nesta quarta-feira o Substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo argentino Leonardo Sandri.

Sandri, cujo posto é um dos poucos que não são suspensos quando o papa morre, fez as declarações na sexta missa da "Novemidiales", em sufrágio da alma de João Paulo II e realizada na basílica de São Pedro do Vaticano.

O arcebispo oficiou a missa, oferecida pela Cúria Romana. Numa bela homilia, Sandri ressaltou o profundo amor de João Paulo II pela Eucaristia e o singelo estilo de vida do papa.

"Há um novo elemento da personalidade e da espiritualidade de João Paulo II que emergiu, particularmente, nos meses marcados pela progressiva piora de sua saúde: sua simplicidade e pobreza de vida", destacou Sandri.

O prelado acrescentou que os que tiveram a possibilidade de vê-lo nas últimas semanas de vida "ficaram admirados pela modéstia dos móveis que o cercavam, assim como a humildade e a simplicidade, o sentido do desapego e a total disponibilidade com a qual se pôs nas mãos de Deus".

Esse comportamento foi visto em seu testamento, no qual afirmou que não deixava bens terrenos.

Sandri acrescentou que o grande exemplo e a preciosa lição que o papa deixa "é um exemplo de simplicidade e desapego, de serviço fiel e desinteressado na Vinha do Senhor, de constante disponibilidade e dócil adesão à vontade de Deus".

O arcebispo que durante os últimos meses de vida de João Paulo II foi a voz do papa - já que foi encarregado de ler suas homilias e as rezas do Ângelus - não poupou elogios a Karol Wojtyla, "um papa extraordinário".

O "número três" do Vaticano manifestou diante de vários cardeais, prelados e fiéis que é preciso preservar a herança deixada por João Paulo II e fazer com que siga florescendo.

Sandri lembrou o Pontificado e se deteve na Carta Apostólica escrita por João Paulo II no final do Jubileu do Ano 2000: "Novo Millennio Ineunte".

O cardeal disse que nesse texto João Paulo II traçou as linhas da Igreja para o terceiro milênio e indicou o Concílio Vaticano II como a "bússola segura".

Há dois anos, o papa convocou o Ano do Rosário e atualmente a Igreja celebra o Ano da Eucaristia, também convocado por João Paulo II.

Com as duas convocações, João Paulo II - segundo Sandri - quis ressaltar sua devoção a Maria (com o Rosário) e o caráter central do Mistério Eucarístico.

"Quem esteve próximo de João Paulo II foi testemunha de seu profundo amor pela Eucaristia. Antes de tomar uma decisão importante, se retirava à sua capela e se ajoelhava ante o Santíssimo (...) e ficava ali um tempo, refletindo e rezando. Todas as decisões brotavam de sua busca da vontade de Deus para o bem da Igreja", disse.

Essa missa funeral foi celebrada poucas horas após de ser aberta ao público a "cripta da Basílica de São Pedro", onde João Paulo II está enterrado.

Milhares de pessoas, entre elas vários poloneses, fizeram fila desde o começo da manhã para prestar uma nova homenagem ao papa, para quem pedem a rápida abertura do processo de canonização.

Em relação à canonização de João Paulo II, hoje o cardeal José Saraiva Martins, que foi prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, disse compartilhar a idéia de que o próximo papa, com uma dispensa, abrevie o tempo para levar Wojtyla aos altares.

O Código de Direito Canônico estabelece que o processo para tornar alguém santo não pode ser aberto antes de cinco anos transcorridos da morte. No entanto, o papa tem o poder de abreviar o tempo, como fez João Paulo II com a beata Madre Teresa de Calcutá, cujo processo começou dois anos após a morte.

Depois da missa de hoje, amanhã será a vez das igrejas orientais oficiarem o ritual em sufrágio pela alma do papa. A missa será oficiada pelo patriarca de Antiochia dos Maronitas, Pierre Sfeir Nasrallah.

Sexta-feira será a vez dos institutos de vida consagrada e, no sábado, a última missa da "Novemidiales" será oficiada pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez, que se encarregará de anunciar ao mundo o papa que será escolhido no conclave.





Fonte: EFE

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