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Nacional
Terça - 12 de Abril de 2005 às 02:25
Por: Karine Rodrigues/Carolina Iska

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Rio de Janeiro - Sete dos oito policiais militares indiciados pela chacina em Nova Iguaçu e Queimados foram reconhecidos nesta segunda em juízo por uma testemunha. Ela afirmou que seis dos policiais tiveram participação direta no crime e que o sétimo integraria o grupo de extermínio. A informação foi divulgada pelo delegado regional executivo da superintendência da Polícia Federal, Roberto Prel. Ele estuda pedir à Justiça um novo mandado de prisão, contra uma pessoa cujo nome ainda não foi tornado público, e mandados de busca e apreensão. O delegado disse que a PF está checando o álibi apresentado pelo novo suspeito.

Prel afirmou não ter mais dúvidas sobre a participação dos seis PMs reconhecidos. Ele não disse os nomes dos policiais nem qual teria sido a participação de cada um deles. Mas afirmou que a pena para o crime de co-participação será igual à pena dos assassinos. Além dos oito policiais em prisão temporária, há quatro sob prisão administrativa.

Por medo, a testemunha pediu que a audiência fosse realizada no Fórum do Rio, e não na Baixada Fluminense. Protegida por um forte esquema de segurança, a testemunha deixou clara a preocupação em não ser identificada: chegou ao local encapuzada e assim permaneceu, recusando-se a retirar o pano do rosto até mesmo diante da juíza titular da 4ª Vara Criminal da comarca de Nova Iguaçu. Durante a audiência, a testemunha afirmou nunca ter visto um dos indiciados e, por isso, não pôde reconhecê-lo.

No depoimento, requerido pelo Ministério Público, a pedido da Polícia Federal, a testemunha disse que na noite dos assassinatos, 31 de março, percebeu a movimentação de policiais na área antes dos crimes e ouviu disparos logo em seguida. No entanto, declarou não ter visto ninguém ser morto. Afirmou também que três carros teriam sido usados pelos criminosos. De acordo com a juíza, que decretou sigilo nos dois inquéritos sobre os crimes - um da PF e outro da Polícia Civil -, a testemunha já havia citado nomes e apelidos de PMs anteriormente, na sede da Polícia Federal.

Perícia - A perícia identificou que pelo menos quatro armas foram usadas na chacina. Segundo o diretor do Instituto Médico-Legal, Roger Ancillotti, comparando os projéteis foi possível descobrir que os policiais usaram três pistolas calibre .40 e uma pistola calibre 380. Desde a chacina, a polícia recolheu para análise 72 armas de PMs suspeitos de envolvimento no caso e 31 projéteis no corpo das vítimas.

"Por enquanto, continuamos trabalhando com a hipótese de quatro atiradores, mas o depoimento colhido na sexta-feira pode aumentar esse número para seis", disse Álvaro Lins, referindo-se às declarações de uma testemunha que apontou os PMs Walter Mario Tenório Valin e Marcelo Barbosa de Oliveira, presos administrativamente, como integrantes do grupo que cometeu o crime.

Álvaro Lins informou ainda que duas medidas passarão a ser adotadas na apuração de autos de resistência, nos quais a vítima morre em confronto com a polícia. Segundo ele, casos desse tipo, registrados na delegacia, serão seguidos de um inquérito policial "para saber se houve execução", o que não ocorria. Além disso, as mãos do cadáver serão submetidas à exame de pólvora, para comprovar o confronto.

Forças - Apesar de admitir que há cumplicidade, o chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, disse que o trabalho da PF deveria ser apenas de colaboração. "A participação da Polícia Federal é bem-vinda, pela experiência, pelos recursos. Prejudicial é a existência de dois inquéritos. Não há necessidade disso. O ideal seria a colaboração, com uma autoridade fazendo a investigação (neste caso, a Polícia Civil), mas contando com a ajuda, os recursos de todas as forças".

Roberto Prel disse não ver problema algum, já que os dois inquéritos poderão ser transformados em um só pela Justiça. Ele elogiou a Polícia Civil e lamentou apenas que o ritmo das investigações na primeira semana não tenha permitido uma troca mais dinâmica de informações.




Fonte: Agência Estado

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