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Internacional
Sábado - 09 de Abril de 2005 às 17:33

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O segundo aniversário da queda de Saddam Hussein e do início da ocupação do Iraque não provocou hoje nenhuma reação oficial nem popular no mundo árabe, cada vez mais pressionado pelos Estados Unidos. Nenhum dos 21 Estados membros da Liga Árabe se pronunciou sobre a data, que também não provocou protestos contra a presença de tropas estrangeiras no Iraque, país que durante o Império Abassida, de 749 a 1258, encarnou a glória da civilização islâmica.

As ruas de capitais consideradas feudos do panarabismo como Cairo, Damasco, Beirute e Amam permaneceram desertas durante todo o dia, em contraste com as marchas populares que antes as inundavam para rejeitar as ocupações de terras árabes. A imprensa escrita se somou a esse silêncio, e praticamente nenhum jornal se referiu à data.

"A inimizade entre Saddam e alguns Estados árabes não pode servir de desculpa nem justificar que os regimes árabes não peçam o fim da invasão de um país da região", denunciou o dissidente sírio Sami Zubian em declaração à emissora de televisão do Catar Al-Jazira. "Na minha opinião, a principal razão para que os países árabes não peçam a retirada das tropas estrangeiras do Iraque é que têm medo de provocar a ira dos Estados Unidos, que mantêm os regimes da região ameaçados", disse.

"Passando em branco sobre esta data os dirigentes árabes pretendem ganhar a confiança dos Estados Unidos e fazer com que o presidente americano lhes permita continuar no poder", comentou um diplomata árabe, que pediu para não ter seu nome revelado. Para ele, "os líderes árabes compreenderam muito bem que Bush não está disposto a mostrar nenhuma tolerância com quem se atrever a ameaçar de alguma maneira seus interesses na região". "O caso de Saddam serve de exemplo", disse.

Embora nenhum país árabe tenha apoiado com tropas a campanha militar que, em abril de 2003, provocou a queda do antigo regime de Bagdá, vários governos, como o do Catar e do Kuwait, disponibilizaram seus territórios para que os EUA dispusessem as tropas que invadiram o Iraque. Outros, como o da Arábia Saudita, emprestaram suas bases aos aviões americanos, ou deram sinal verde às forças de ocupação para que utilizassem seu solo ou águas para lançar a ofensiva, como o Egito, que autorizou que navios de guerra britânicos e australianos cruzassem o Canal de Suez.

Dois anos depois, os Estados Unidos pressionam esses mesmos países árabes para que introduzam reformas internas sob o pretexto de garantir a democratização de seus respectivos regimes. Nesse caso estão o Egito e a Arábia Saudita, além da Síria, um dos poucos que se opôs de maneira firme à invasão do Iraque e que hoje está isolada, inclusive no próprio mundo árabe.

Nas palavras de um observador político no Oriente Médio, essa é "uma das piores épocas da História dos árabes e do islã nos tempos modernos".





Fonte: EFE

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