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Internacional
Sábado - 09 de Abril de 2005 às 17:10

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O funeral de João Paulo II causou hoje um abalo político no Oriente Médio depois que os líderes do Irã e da Síria, inimigos de Israel, cumprimentaram o presidente israelense, Moshé Katsav. Os cumprimentos dos presidentes do Irã, Mohammad Khatami, e da Síria, Bachar al Assad, ao seu colega israelense foram interpretados como algo mais que mera formalidade.

No caso de Khatami o gesto tem significado ainda maior, já que, segundo o israelense, foi o iraniano que lhe estendeu a mão, quando eles se encontraram nas exéquias. "Apertei-lhe a mão e disse 'a paz esteja contigo'. Depois falamos em farsi (língua persa) sobre a região de Yazd (sul do Irã) onde ambos nascemos, com dois anos de diferença", relatou Katsav em declarações recolhidas pela imprensa de seu país.

A revelação do fato não agradou ao reformista Khatami, cuja participação no funeral foi criticada pelo setor conservador do regime de Teerã, cujo guia espiritual, Ali Khamenei, não enviou ao Vaticano nenhuma mensagem de condolências.

Em declarações divulgadas pela agência oficial do Irã, Irna, Khatami qualificou hoje como "pura invenção" as notícias publicadas pelos jornais de Israel sobre o encontro. O aperto de mãos foi reconhecido por Al Assad, que afirmou, no entanto, que apesar da saudação os presidentes sírio e israelense não trocaram uma palavra no Vaticano. "Foi acidental, algo sem significado político", disseram hoje fontes próximas ao líder de Damasco.

Irã e Israel se ameaçam há anos com operações bélicas, mas a situação é mais grave no caso sírio, pelo menos no plano formal. A Síria é o único país árabe que não assinou a paz com o Estado de Israel, com o qual, do ponto de vista técnico, continua em estado de guerra.

Não é a primeira vez que a "diplomacia dos funerais" permite uma aproximação, em termos de protocolo, entre Israel e os países islâmicos. Durante sua presença em Rabat pelos funerais, em 1999, do rei Hassan II do Marrocos, o então primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, não poupou apertos de mão a líderes árabes.

Barak aproveitou aquela ocasião para saudar o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, e o herdeiro do Kuwait, xeque Sad Al Abdala al Sabah, entre outros dirigentes da região. Aqueles encontros foram também noticiados com grande destaque pela imprensa do Oriente Médio, imerso hoje num processo de mudanças que dá significado especial a esta aparente reedição da "política dos funerais".

Depois da queda de Saddam Hussein no Iraque - que hoje completa dois anos -, Irã e Síria ficaram sozinhos à frente da força contra Israel e, embora em diferente medida, antes mesmo dos cumprimentos no Vaticano tinham dado sinais de flexibilizar sua posição, em resposta ao chamado da "pax" americana.





Fonte: EFE

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