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Internacional
Sábado - 09 de Abril de 2005 às 16:10

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O presidente dos EUA, George W. Bush, e seu pai, George Bush, sentem-se muito confortáveis com Bill Clinton, mas parece que o mesmo não ocorre com Jimmy Carter, que, de alguma forma, excluiu-se desse clube presidencial.

"Em geral, os presidentes dos Estados Unidos se dão muito bem com os ex-presidentes", disse à EFE o professor Stephen Hass, do Instituto Brookings, em Washington. "Afinal, não são tantos, e os ex-presidentes entendem bem os problemas de um presidente." O quarto membro do clube de ex-presidentes é Gerald Ford, que aos 94 anos e com a saúde debilitada, já não contribui muito para as esporádicas atuações públicas dos "ex", e é visto por seus pares como um colega bonachão e muito mais velho.

A função mais recente do clube presidencial - a presença no funeral no Vaticano do papa João Paulo II - despertou comentários, rumores, críticas anônimas e suspeitas partidárias quando o atual presidente levou seu pai e Clinton, mas não Carter.

Jimmy Carter foi o primeiro - e até agora o único - presidente dos Estados Unidos que recebeu um papa na Casa Branca, justamente João Paulo II, durante sua primeira visita ao país em 1979. Até então, o governo de Washington tinha mantido uma relação cortês, mas fria, com o Vaticano.

Por que Clinton, um democrata, foi convidado a ir ao Vaticano com um ex-presidente republicano que derrotou na eleição de 1992, e com seu filho, outro presidente republicano que venceu em 2000 o vice-presidente de Clinton, Al Gore? O analista Hass opinou que a amizade entre ex-presidentes e o presidente em exercício é algo quase natural. "Todo presidente sabe que será ex-presidente e vai querer que o tratem bem", explicou o especialista. "Em situações de crise, o presidente pode encarregar a um ex-presidente uma missão especial, como a recente visita de Bush pai e Clinton às regiões afetadas pelo tsunami" no oceano Índico.

Nessa viagem, ficou clara a boa relação e o respeito que existe entre Clinton e Bush pai. No avião governamental, que tinha um só dormitório e outra sala com mesas e assentos, Clinton, de 59 anos, permitiu que Bush, de 80, dormisse na única cama disponível.

No caso de Carter, Hass considerou que "a ironia não está só em seu distanciamento de Bush (filho), mas também de Clinton embora sejam do mesmo partido".

"Carter cooperou muito bem com Ford", acrescentou. "Mas os ex- presidentes e o atual presidente sentem que Carter não joga de acordo com as regras do clube, que manifestou sua oposição a algumas políticas de forma muito incisiva." No entanto, Allan Lichtman, professor de História na American University em Washington, considera que "a amizade entre dois ex- presidentes é muito, muito rara".

"É muito pouco comum que dois ex-presidentes formem o tipo de amizade que estabeleceram Bush pai e Clinton", disse Lichtman à EFE.

"A gente teria que voltar quase aos tempos de Thomas Jefferson e John Adams (começo do século XIX) para encontrar esse tipo de amizade que permite trabalhar juntos e superar os partidarismos", opinou.

"Certamente a amizade de Clinton com Bush pai beneficiou o atual presidente Bush", acrescentou Lichtman. "Clinton não foi muito crítico de Bush (filho)." Talvez também ajude a convivência atual entre os republicanos Bush e o democrata Clinton o fato de que, na opinião de Lichtman, "Clinton foi o mais republicano dos presidentes democratas".

"As políticas econômicas de Clinton não foram das que assustam os republicanos", acrescentou o docente, ao se referir à reforma da assistência social que Clinton promulgou em 1996 e que reduziu ou eliminou os benefícios para milhões de pobres.

"E no que se refere ao balanço do orçamento, Clinton preservou mais os valores republicanos que os dois Bush juntos", acrescentou Lichtman.





Fonte: EFE

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