Desabrigados enfrentam problemas nos acampamentos improvisados

Sem ter para onde ir, desabrigados enfrentam rotina difícil em locais insalubres

Sem lugar para ir, as famílias desabrigadas por causa da chuva em Salvador ainda vivem em acampamentos improvisados pela prefeitura, ou em casa de parentes e vizinhos. Mas na Associação de Moradores do Lobato, por exemplo, onde estão abrigadas 16 famílias, os banheiros não funcionam e há infiltrações por toda a parte. No Engenho Velho da Federação, onde há 37 famílias desabrigadas, a maioria está pernoitando na casa de terceiros e aguardam uma solução por parte dos poderes públicos.

Os desabrigados da Associação de Moradores do Lobato afirmam que não havia água potável no local até a noite de quarta-feira e que dos três banheiros da casa nenhum está funcionando. Eles afirmam, no entanto, que a prefeitura tem enviado comida ao local, três vezes ao dia, mas ainda faltariam 12 colchões.

"Eles querem dar R$100 para a gente alugar uma casa por três meses, mas depois a gente vai fazer o quê? Vamos para onde?", questionou Ivanildes Lourenço dos Santos, 24 anos. "Voltar para o mesmo lugar de novo não adianta nada. A situação vai ser a mesma. Quando a chuva passa eles esquecem da gente", afirmou o catador de papelão Edaniel Santos Xavier, 28.

No Engenho Velho da Federação, a dona de casa Ivete Pastore dos Santos, 47, está passando as noites na casa de um vizinho. Ela perdeu seu irmão e um sobrinho, que morreram em um deslizamento de terra que provocou o desabamento de cinco casas. Diante dos escombros, ele afirma que, por enquanto, a prefeitura enviou apenas comida, mas ainda não sinalizou com a possibilidade de indicar uma nova moradia para as famílias desabrigadas. "Eles falaram que iam dar R$100 para a gente alugar uma casa, mas até agora nada", disse.

A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) admite os problemas e informou que já atendeu a 479 famílias vitimadas pelas chuvas que castigaram Salvador. O atendimento vem sendo realizado desde o último dia 2. Desse total, 421 foram incluídas no programa de auxílio-moradia, que prevê o pagamento de R$100 para aluguel de casa e mais R$50, em "vale-vida", para ser trocado por alimentação nas lojas da Cesta do Povo.

De acordo com informações da assessoria de comunicação da Sedes, as pessoas que estão morando em casas de parentes ou amigos continuam recebendo a atenção dos técnicos lotados no órgão, e fazendo suas refeições juntamente com as 16 famílias que continuam abrigadas na Associação de Moradores do Lobato, as quatro da Paróquia do Lobato e as 37 que estão na Associação de Moradores do Engenho Velho da Federação. A Sedes está providenciando a inclusão dessas no programa de auxílio-moradia, segundo informações oficiais.