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Internacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 19:00

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O primeiro governo eleito do Iraque - que está sendo preparado pelo primeiro-ministro nomeado, o xiita confessional Ibrahim al-Jaafari - refletirá "a realidade multiétnica e religiosa do país", disseram nesta sexta-feira à EFE fontes ligadas ao chefe do próximo Executivo.

"O gabinete terá 31 ministérios e a maioria deles irá para os xiitas (cujo partido confessional venceu as eleições de 30 de janeiro), mas também nele estarão representantes de outras comunidades", disse Yauad Al Maleki, número dois do Dawa, o partido de Ibrahim al-Jaafari.

Entre as pessoas que podem formar o governo, Maleki não descartou o primeiro-ministro provisório, o xiita laico Iyad Allawi, com quem, segundo o primeiro, houve contatos para que participe do novo governo.

"O gabinete refletirá a diversidade étnica, cultural e religiosa do país, e levará em conta os direitos das minorias", destacou Maleki, que adiantou que, além dos xiitas laicos e dos curdos, nele estarão representados grupos minoritários, como cristãos e turcomanos.

A declaração segue a linha marcada pelo recém-nomeado presidente, o curdo Jalal Talabani, que, no discurso de posse, adiantou nesta semana a necessidade de "envolver todas as comunidades" no próximo governo, cuja formação, segundo suas previsões, pode ser anunciada em um prazo de duas semanas.

Além da ainda incerta participação de Allawi no primeiro governo eleito, a principal incógnita se centra nos sunitas que poderiam se somar ao gabinete, segundo os observadores locais.

Embora só representem 20% da população (frente aos 60% de xiitas), os sunitas controlaram tradicionalmente o poder político em Bagdá e são a comunidade que teve o menor comparecimento às urnas nas últimas eleições.

A maioria dos grupos insurgentes que lutam contra as novas forças de segurança e as tropas da coalizão pertence a essa minoria, cujas autoridades religiosas se mostraram até agora duvidosas a chamar os membros de sua comunidade a participar das novas instituições.

Essa resistência se deve principalmente ao receio entre os sunitas causado pela preponderância no novo governo de xiitas e curdos, cujos grupos foram os vencedores das eleições e são considerados rivais históricos.

Em meios políticos e diplomáticos é considerado, no entanto, essencial que os sunitas se envolvam no atual processo político, como única forma de garantir, a médio e longo prazo, a segurança e a estabilidade em todo o território iraquiano.

A participação sunita é ainda mais importante na medida em que a primeira missão do Parlamento recém-instalado é redigir uma nova Constituição, que segundo o calendário previsto deve ser submetida a plebiscito antes do fim do ano.

A ausência de representantes sunitas na elaboração desse texto constitucional tiraria legitimidade da próxima Carta Magna, o que acentuaria o perigo da divisão territorial que ameaça o Iraque desde a queda do regime de Saddam Hussein, em abril de 2003.





Fonte: EFE

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