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Internacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 13:10
Por: Howard Goller

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Em praças públicas, ao redor de grandes telas e em cerimônias onde a ausência dele era simbolizada por meio de uma cadeira vazia, o mundo se unia na sexta-feira para o funeral do papa João Paulo 2o.

Em contato através dos modernos meios de comunicação, centenas de milhões de pessoas de todas as crenças, em todos os continentes, acompanhavam os eventos e rezavam por um pontífice que defendeu a união entre as religiões.

Em Israel, onde mais de 80 por cento da população é judaica, estações de rádio e de TV prometeram transmitir o funeral ao vivo. O mesmo aconteceria no Egito, país com 90 por cento de habitantes muçulmanos sunitas.

Alguns iranianos ignoraram a proibição de usar antenas parabólicas a fim de assistir ao funeral em canais de TV ocidentais.

"Esse é um importante evento histórico. Quero ser parte do mundo e assisti-lo", afirmou Arezu, um muçulmanos xiita de 38 anos que não quis informar seu sobrenome.

O jornal francês Libération estampou em sua manchete de primeira página a expressão "Pope Star" (papa estrela), em um jogo de palavras com o status de celebridade do líder da Igreja Católica.

Mensagens de texto enviadas via celular alertavam os fiéis sobre os eventos vindouros. Grandes telões transmitiram ao vivo o funeral. E sites da Internet prometiam atender a pessoas em suas casas e em seus escritórios.

TERRA NATAL

Em toda a Polônia, sirenas e sinos de igreja puderam ser ouvidos anunciando o funeral de seu mais ilustre cidadão, nascido Karol Wojtyla na cidade de Cracóvia, 84 anos atrás.

Em uma das praças públicas da Cracóvia, onde o papa rezou sua última missa no país três anos atrás, fiéis colocaram a cadeira que ele usou então em um altar improvisado e decorado com uma faixa negra.

No Brasil, maior país católico do mundo, cerca de 5.000 fiéis prestaram suas homenagens ao pontífice em uma missa no Santuário de Nossa Senhora de Aparecida, a 160 km de São Paulo.

Durante a celebração, dom Raimundo Damasceno Assis lembrou os 26 anos de "entrega total, até o fim, com amor e heroísmo a serviço de Deus e do homem".

No México milhares de pessoas foram às ruas da capital para lançar flores em um "papamóvel" usado pelo pontífice em uma visita.

Dentro do veículo, estava uma cadeira vazia, um sobretudo papal branco e uma única fotografia de João Paulo 2o.

"Essa jornada do papamóvel parece um pouco ridícula, mas o amor dos mexicanos pelo papa é tão grande que essas manifestações de fé simplesmente não param", observou o aposentado Virgilio Ramirez, com uma foto do pontífice no peito.

TELAS GIGANTESCAS, VIGÍLIAS

Grandes telas atraíram multidões em todo o mundo — em Londres, em Paris, em Sydney, em Brazzaville e até na comunista Hanói.

Em uma ilha localizada na costa do País de Gales, um grupo de 15 monges católicos, que observam uma rígida rotina de trabalho e orações e que não falam durante a noite, conseguiu uma antena parabólica a fim de melhorar a recepção da TV.

"A TV não faz parte, normalmente, da vida diária deles. Então, eles nunca a arrumaram direito antes", disse John Cattini, gerente comercial da ilha Caldey.

Em Dublin, o motorista de ônibus Eugene McGuinness foi à igreja de St. Andrew para uma oração.

"É muito importante unir as pessoas de todas as religiões. Não acho que ninguém mais tenha feito isso antes", afirmou.

Milhares de pessoas participaram de vigílias noturnas no México, na Polônia e na Ucrânia.

A Croácia, um país majoritariamente católico, parou para homenagear o papa, um defensor da paz nas ex-Repúblicas iugoslavas. Lojas e escolas fecharam e as ruas estavam vazias.

ECUMENISMO

Em partes da África, preparativos especiais foram feitos.

A TV Madagáscar tinha a expectativa de que milhões de pessoas iriam até prefeituras de todo o país para assistir televisões alimentadas por geradores de energia. Membros da igreja esperavam reunir ao menos 40 mil pessoas em um estádio de Antananarivo (capital).

No arquipélago de Seychelles, com forte presença católica, funcionários públicos não foram trabalhar a fim de acompanhar o funeral.

"Olhem, ali está Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, sendo mostrado no funeral. Vocês percebem que mesmo os muçulmanos estão rezando pelo papa?", perguntou Gerard Govinden, ao acompanhar os serviços em um canal de TV estatal.

As homenagens espalhavam-se pelo mundo.

As redes Al Jazeera e Al Arabiya e o canal Abu Dhabi, todas TVs árabes, transmitiram ao vivo partes dos preparativos para o funeral, com comentários de padres católicos.





Fonte: Reuters

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