Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 09:53

    Imprimir


Os habitantes da Cracóvia que não puderam ir a Roma acompanharam os funerais de João Paulo II por um telão, com os olhares voltados para a Praça de São Pedro, para sentir-se o mais próximo possível de seu venerado Karol Wojtyla, enterrado no Vaticano.

A emblemática esplanada Blonie foi o lugar mais procurado pelos cracovianos durante o solene funeral em Roma. Os sinos da Cracóvia e centenas de milhares de fiéis acompanharam com emoção e lágrimas o caixão de seu papa até a entrada da cripta vaticana.

Fiéis de todas as idades e condições sociais lotaram o grande parque, que na noite anterior recebeu cerca de um milhão de pessoas para uma emotiva missa de vigília pelo papa.

Quatro telões transmitiam as imagens de Roma. A tradução simultânea fazia chegar aos paroquianos a homilia do cardeal Joseph Ratzinger e as demais leituras, alternadas com cantos em polonês difundidos por megafones, convidando as pessoas a participar ativamente do funeral do mais querido compatriota.

Blonie, a esplanada que há dois anos, na última visita do papa, recebeu dois milhões e meio de fiéis para a maior da Europa, acompanhou assim Karol Wojtyla até o lugar eleito para seu descanso eterno.

De pé e em atitude de recolhimento para rezar, alguns; de joelhos, e com o rosto inclinado, outros; equipados com sacos de dormir, bebidas e sanduíches, os jovens que passaram a noite na esplanada após a vigília; ou instalados no estádio vizinho do Cracóvia, com as cachecóis desse clube. Cada cracoviano acompanhou o papa como melhor lhe pareceu. O importante era estar lá.

"Pensamos em ir a Roma, mas o que vimos pela televisão nos fez desistir: a viagem seria muito complicada e não tinha tempo para regularizar a documentação", comentava Bronislaw Matys, um professor que acompanhava a transmissão com sua esposa e de seus quatro filhos, cada um com sua correspondente cadeira dobrável.

Cerca de 700 ônibus poloneses partiram nos dias anteriores de todo o país em direção a Roma. Os números dos compatriotas de Wojtyla que efetivamente chegaram ao Vaticano oscilam entre um e dois milhões, segundo os meios de comunicação.

"Acho que foram menos. Primeiro, porque alguns esperaram até o último momento para ver se havia a surpresa de o enterrarem aqui.

Depois, porque começaram a dizer que não chegaríamos, que já tinha muita gente de todo o mundo", afirma Matys.

Durante a agonia do papa, entre os cracovianos surgiu a esperança que seus últimos desejos incluíssem o de ser enterrado na catedral de Wawel. Os meios de comunicação falaram inclusive que, se isso não acontecesse, talvez o papa Wojtyla teria decidido que seu coração deveria ser enterrado em sua terra natal.

"Está bem assim. Para nós, os poloneses, deve ser um orgulho que Karol Wojtyla repouse ali, junto aos grandes Papas da Cristandade.

Não foi nosso papa, foi o de todos", afirmou um seminarista, enquanto a emoção e as lágrimas tomaram conta da esplanada, no momento em que o caixão se despediu da Praça São Pedro para ser levado para dentro da cripta.

As bandeiras polonesas, onipresentes na Praça de São Pedro, confortavam os que ficaram na Cracóvia.

A esplanada Blonie foi um dos lugares, mas não o único, a que os cracovianos e as pessoas da região foram em massa para estar o mais próximo possível de João Paulo II em seu enterro no Vaticano.

A praça diante da Cúria Episcopal, onde Karol Wojtyla morou quando era arcebispo e se hospedou em suas visitas à cidade, tinha seu próprio telão, onde milhares de fiéis acompanhavam o funeral.

Toda a Polônia, desde a Varsóvia a Gdansk, o berço de Solidarnosc, do santuário da Virgem Negra de Czestochowa, a pequena basílica de Santa Maria em Wadowice, a cidade natal do papa, acompanharam o caixão de Karol Wotjyla até sua sepultura no Vaticano.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/347938/visualizar/