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Internacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 09:19

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"O Papa nos vê e nos abençoa", declarou o cardeal alemão Joseph Ratzinger ao concluir a homilia durante a histórica missa de funeral de João Paulo II diante da basílica de São Pedro, acompanhada por milhões de pessoas em Roma e em todo o mundo.

Agora está diante da janela da casa do Senhor. Nos vê e nos abençoa" disse o decano do colégio cardinalício ao final de sua homilia, depois de lembrar a última benção que o Papa deu, na mesma praça, aos fiéis de Roma e ao mundo.

"Não esqueceremos nunca, o último domingo de Páscoa de sua vida, que o Papa marcado pelo sofrimento apareceu na janela do palácio apostólico e deu pela última vez a bênção 'urbi et orbi'", acrescentou o cardeal, que foi interrompido em 13 ocasiões pelos aplausos dos fiéis e peregrinos.

Ratzinger elogiou o trabalho de João Paulo II, destacando que assumiu "uma carga que está além das forças humanas". "Graças a seu profundo arraigamento em Cristo, pôde suportar uma carga que está além das forças puramente humanas: ser o pastor do rebanho de Cristo, de sua Igreja Universal", declarou.

"Nosso Papa, sabemos todos, nunca quis resguardar sua própria vida, guardá-la para ele, quis dar-se ele mesmo sem reserva, até o último momento, para Cristo e por isso a nós também", disse.

O cardeal Ratzinger, que preside a cerimônia de três horas de duração, iniciou solenemente a cerimônia um pouco antes das 10h30 locais (05h30 de Brasília). Ele pronunciou uma breve prece e convidou os fiéis a rezar, antes de passar a palavra a uma jovem espanhola, Alejandra Correa, que pronunciou em espanhol a "Leitura dos Atos dos Apóstolos".

A missa de funeral, que tem a participação dos corais da Capela Sistina e da "Mater Ecclesiae", também é celebrada por todos os cardeais presentes em Roma para o acontecimento.

As autoridades estrangeiras, incluindo o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o rei Juan Carlos da Espanha, entre muitos outros, foram instaladas à esquerda das escadas, de frente para o grupo de cardeais.

O caixão do Papa foi carregado em procissão até o átrio do templo por 12 pessoas que o colocaram sobre um tapete oriental diante do altar em meio a uma fervorosa e emocionada ovação.

Sobre o caixão foram colocados os santos evangelhos, cujas páginas viravam ao vento em uma manhã de primavera nublada em Roma, ao mesmo tempo que saíam de dentro da basílica os cardeais vestidos com seus paramentos de cor vermelha púrpura ao som de cantos gregorianos.

Antes do funeral, o corpo do Papa mais peregrino da história foi introduzido em um caixão de madeira cipreste e selado em uma breve cerimônia íntima, na presença do cardeal camerlengo, o espanhol Eduardo Martínez Somalo, e do secretário pessoal de João Paulo II nos últimos 40 anos, monsenhor Stanislaw Dziwisz.

Um milhão de pessoas assistem ao funeral do Papa na basílica de São Pedro e seus arredores, segundo estimativas das fontes de segurança citadas pela imprensa italianas.

Pelo menos 300 mil pessoas, em sua maioria jovens italianos e poloneses, estão na praça de São Pedro e na Via da Conciliação, que leva à esplanada. As outras 700 mil estão espalhadas diante dos 28 telões instalados em pontos estratégicos da capital italiana.

Os fiéis e peregrinos, incluindo muitos latino-americanos, exibem dezenas de bandeiras de diversos países e uma grande faixa que afirma: "Santo já".

Segurança

As autoridades italianas colocaram em prática um dispositivo de segurança sem precedentes para o funeral com a maior presença de público da história.

Quase 40 mil oficiais foram mobilizados, incluindo agentes de segurança do Estado (10 mil, incluindo 1 mil franco-atiradores), voluntários de Proteção Civil e funcionários municipais.

O espaço aéreo romano permanecerá fechado até o fim do funeral. O tráfego de automóveis no perímetro urbano também foi proibido por causa da avalanche humana que quase dobrou a população da cidade. "É como se Roma tivesse recebido outra Roma", declarou na quinta-feira o prefeito Walter Veltroni.

A cerimônia é acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo através da televisão.

Depois do funeral, João Paulo II será sepultado em terra sob uma lápide simples de mármore branco na cripta da basílica de São Pedro, no local que foi ocupado por João XXIII até sua beatificação no ano 2000.





Fonte: AFP

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