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Sexta - 08 de Abril de 2005 às 07:45
Por: Rose Domingues

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Trazidos por um ideal de enriquecimento, migrantes de todo país contribuíram, ao longo da história, para o crescimento de Cuiabá, que completa hoje 286 anos de fundação. De um total de 500 mil habitantes, o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, estima que cerca de 70 mil sejam de fora e ainda hoje são apelidados pelos cuiabanos de "chapa e cruz" como "paus-rodados".

No ranking dos estados que sempre mandaram levas de forasteiros São Paulo e Minas Gerais se destacam, seguidos por Goiás, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará e Maranhão. Hoje, em Cuiabá, existe gente de todo lugar.

Se por um lado a cultura local não é um padrão único, e por isso perdeu valores e importância, por outro, ela se tornou mais rica. Os sotaques, costumes e o biótipo da população já se misturaram de tal forma que o cuiabano hoje é um povo único e mais brasileiro que nunca.

Para o professor e historiador Lourembergue Alves, que já tem oito livros publicados sobre política e história regional, não tem como falar em cuiabano sem lembrar da miscigenação.

A primeira grande mistura ocorreu, segundo ele, na época da "corrida do Ouro", em que paulistas e mineiros vieram para a Velha Mato Grosso em busca do metal.

A ânsia pelo enriquecimento motivou os forasteiros, que trouxeram com eles muitos escravos, a abrir estradas e a enfrentar todo tipo de adversidade até chegarem à Cuiabá, antes mesmo de 1700. Outra grande leva de migrantes veio para a região com o advento da divisão do Estado, em 1977. Antes disso, a maior parte das pessoas se concentrava em Campo Grande (MS). "Nos anos 50, houve uma forte migração no Estado, pois muitas estradas foram abertas nessa época, movimento que ficou ainda mais forte na década de 70", completa o professor Alves que critica a falta de planejamento dos gestores públicos que administraram a cidade.

Na avaliação dele, Cuiabá está atrasada pelos menos 30 anos pela falta de continuidade dos projetos públicos entre um governo e outro.

Não é segredo para ninguém que, por questões políticas, os prefeitos da Capital, deixam pelo caminho as obras e projetos que o antecessor começou, o que significa desperdício do tempo e do dinheiro da população.

"Não podemos, de modo algum, falar em desenvolvimento de Cuiabá. Até hoje, a maior parte dos municípios do país, assim como o próprio país, passou por fases de crescimento. Desenvolvimento significa dividir as riquezas entre a população, isto é, investir em políticas sociais".

Na opinião do professor, por falta de estrutura e planejamento urbano, a Capital receptiva e atraente já deixou de ser rota obrigatória para muitos migrantes, nos últimos 10 anos. Paranaenses e uma leva maciça de gaúchos estão abrindo e fundando cidades na região Norte.




Fonte: A Gazeta

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