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Nacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 00:15
Por: Rodrigo Moraes

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Rio de Janeiro - A Polícia Civil investiga a possibilidade de a chacina de 30 pessoas nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, em 31 de março, ter sido motivada por uma disputa territorial entre grupos de extermínio que atuam na Baixada Fluminense. Estes grupos extorquem dinheiro de comerciantes em troca de proteção.

Oficialmente, a principal linha de investigação da Secretaria de Segurança é que a matança teria sido uma represália causada pela insatisfação com os comandos dos batalhões da PM em Duque de Caxias e Mesquita. "É possível haver uma disputa entre grupos por poder territorial", disse o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. "Eu sempre admiti essa possibilidade".

De acordo com policiais, um indício de que as vítimas não teriam sido escolhidas de forma totalmente aleatória é o fato de que três pontos comerciais foram atacados. Em Queimados, os donos de dois lava-a-jatos foram assassinados. Na Rua Gama, o dono do bar Caíque, Carlos Henrique Assis, de 48 anos, não estava no estabelecimento na hora do crime, mas sua mulher, Elizabeth Soares de Oliveira, de 45 anos, foi assassinada. Os alvos, acredita a polícia, teriam sido os comerciantes. As outras vítimas teriam sido mortas por serem testemunhas, como queima de arquivo.

No dia seguinte à chacina, Assis contou que os abusos de PMs são comuns no local. "Eles fazem o que querem aqui. Já vieram várias vezes de madrugada atirando", contou ele, que nasceu na região e era dono do bar havia um ano e quatro meses. "A polícia vinha, enquadrava todo mundo, pegava dinheiro e ia embora. Não se pode brincar na rua, sair para tomar um chope, nada".

Nesta quinta-feira, a polícia recebeu uma informação pelo Disque-Denúncia indicando que Edson Moraes, de 42 anos, segurança de uma empresa de transporte, teria participado do massacre. O advogado dele, Silas da Costa, disse que Moraes é ex-presidiário, morador de Duque de Caxias, e que vai prestar depoimento às 9 horas desta sexta. O advogado levou à delegacia o Gol do segurança. O carro tem um adesivo com alusão a um ex-policial militar conhecido na Baixada por suposto envolvimento com grupos de extermínio.

Álvaro Lins confirmou que, segundo uma testemunha, durante a chacina em Queimados, uma patrulha da PM, com policiais fardados, passou em frente a um dos locais dos crimes no momento em que aconteciam execuções. O carro não parou para intervir e, ao irem embora, os PMs ainda dispararam tiros para o alto.




Fonte: Agência Estado

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