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Internacional
Quarta - 06 de Abril de 2005 às 14:23
Por: Raquel Ferreira

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O colégio de cardeais da Igreja Católica decidiu nesta quarta-feira (6) que o conclave para a escolha do sucessor de João Paulo 2º vai começar no próximo dia 18, segundo Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Vaticano. Os cardeais decidiram que o início do conclave deveria respeitar um prazo de nove dias após o enterro de João Paulo 2º, que será nesta sexta-feira (8).

A 48 horas do enterro, as filas em direção à basílica de São Pedro, onde está sendo velado o corpo do papa, dobraram de tamanho nas últimas horas. Desde a noite de segunda-feira, ao menos 1,2 milhão de pessoas já passaram pela praça São Pedro. Hoje, Roma assistiu a uma verdadeira invasão de poloneses que viajaram para se despedir do também polonês Karol Wojtyla.

O Vaticano também informou que um documento deixado pelo papa será divulgado publicamente nesta quinta-feira (7), em italiano e polonês. Navarro-Valls antecipou que, no documento, João Paulo 2º não indicou o chamado "cardeal secreto" --um nome escolhido pelo papa para participar do conclave.

O documento, de 15 páginas e escrito em polonês, foi redigido ao longo do pontificado de João Paulo 2º, com suas primeiras páginas datando já de 1979. Algumas páginas, inclusive, estão inacabadas, segundo o porta-voz.

Como não haverá o "cardeal secreto", no máximo 116 cardeais devem participar da escolha. Até o momento, apenas um cardeal, o filipino Jaime Sin, informou que não participará do conclave por problemas de saúde.

Amanhã o Vaticano também suspenderá por tempo indeterminado a visitação pública à capela Sistina, local onde acontecerão as votações dos cardeais que vão escolher o novo papa.

Um vídeo com duração de 28 a 30 minutos será exibido, mostrando os locais por onde circularão os cardeais e explicando como ocorre o conclave. O acesso à Casa de Santa Marta, onde ficarão alojados os cardeais eleitores, está fechado ao público.

Milhares de pessoas continuam enfrentando filas para se despedir do papa João Paulo 2º. A expectativa é de que o novo papa seja escolhido poucos dias depois. Teólogos afirmam, no entanto, que o conclave pode durar anos. É que as regras da igreja determinam que será escolhido como papa o nome que obtiver dois terços e mais um dos votos dos cardeais presentes na reunião.

Se após 30 votações não se chegar a essa maioria, o camerlengo [líder interino do Vaticano] poderá mudar o sistema de escolha do futuro papa: poderá optar-se pela escolha por maioria simples (50% e mais 1 voto) ou a escolha entre os dois mais votados no escrutínio anterior.

Escolha

"Ninguém sabe ao certo quanto tempo pode durar um conclave. Porque mesmo que se altere o sistema para a escolha por maioria simples, pode acontecer de não haver maioria simples. Pode ser que nenhum nome obtenha os 50% mais 1 dos votos necessários", disse o professor de teologia da PUC-SP, Fernando Altemeyer.

O conclave mais longo da história ocorreu em 1268, logo após a morte do papa Clemente 4º. Esse conclave durou dois anos e nove meses e terminou com a escolha de Gregório 10º.

Por outro lado, há conclaves mais curtos. O mais curto de todos foi o do papa Paulo 6º, que durou menos de 48 horas.

No conclave que escolheu Gregório 10º, os cardeais não chegavam a um acordo sobre o nome do futuro papa. Segundo os historiadores, o povo destelhou o palácio em que ocorria o conclave para pressionar os cardeais a escolherem o futuro papa. Era inverno e os cardeais estavam trancafiados e só recebiam pão e água como alimento.

Para evitar a repetição desse episódio, Gregório 10º editou a constituição Ubi periculum (1274) com normas rígidas para a realização do conclave dos futuros papas.





Fonte: A Gazeta

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