Seminário internacional de rádio reúne emissoras de 19 países
Nomes importantes do meio acadêmico, como o especialista em comunicação Juan Diaz Bordenave e a diretora da Bienal de Rádio do México, Lidia Camacho, são presenças confirmadas no seminário. As maiores emissoras mundiais, como a Rádio França Internacional, a BBC, a Rádio Nacional da Espanha e a Rádio de Difusão Portuguesa, também estarão presentes. A radialista Márcia Detoni, que já trabalhou na BBC de Londres e atualmente dirige o Departamento de Rádio da Radiobrás, aposta que esse será o encontro mais significativo já realizado no país na área de rádio.
"Hoje se sabe que só será possível superar a pobreza e a desigualdade na América Latina se as pessoas tiverem acesso aos serviços básicos, como educação, saúde, transporte, água, saneamento, e o rádio pode ajudar muito na cobrança das autoridades na questão da prestação de serviços", disse Márcia Detoni, citando algumas das funções desempenhadas pelo rádio na vida dos cidadãos.
O encontro ocorre em um momento favorável para o rádio. Depois da televisão, o rádio é o meio de comunicação de maior alcance no Brasil. Segundo pesquisa da Ipsos-Marplan de 2001, 88% da população brasileira ouvem rádio AM ou FM pelo menos uma vez por semana. De acordo com o Ministério das Comunicações, existem cerca de três mil emissoras de rádio em atividade no Brasil.
Márcia Detoni citou também a "explosão" das rádios comunitárias no país como exemplo da necessidade de se aprofundarem as discussões sobre o rádio nos dias de hoje. Segundo ela, são mais de 10 mil emissoras de baixa potência atuando no Brasil, a maioria de forma ilegal. "É a apropriação do veículo rádio pela comunidade, que o descobre como meio para se comunicar, discutir os seus problemas e anseios. Até porque a população brasileira é carente, não tem um nível bom de educação, a mídia impressa não é uma opção para ela, então o rádio se torna uma opção de acesso à comunicação", explicou.
Outro fenômeno importante que acontece atualmente, sobretudo nas rádios nacionais, é a mudança de foco para a prestação de serviços ao cidadão. "Está ocorrendo uma despartidarização das emissoras estatais, que estão trabalhando para servir ao cidadão e não a um grupo político", afirmou Márcia. O movimento ganhou força em 2004, com a criação da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub), que conta com a participação de emissoras de 13 estados brasileiros e promove a integração e a troca de material entre as rádios associadas.
A primeira palestra abordará os desafios de se fazer comunicação em uma empresa estatal e será proferida pelo presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci. Também estão previstas apresentações em inglês e espanhol, com tradução simultânea. O seminário é promovido pela Associação de Rádios Nacionais de Serviço Público da América Latina (Arnaspal), com a organização da Radiobrás (que atualmente preside a Arnaspal), e o apoio do Itaú Cultural e dos Correios.
No primeiro dia, haverá palestras sobre os temas Potencial do rádio como ferramenta de transformação social: contribuição da rádio pública para a superação da pobreza e desigualdade e participação cidadã; Rádio pública como alternativa no contexto midiático; Radiodifusão púbica a serviço da sociedade e não de grupos políticos; Democratização do acesso à informação e Principais tendências da programação radiofônica na América Latina. Outros temas do primeiro dia são: Crise do rádio informativo; Crise do jornalismo interpretativo; Impacto das novas tecnologias no conteúdo radiofônico; nos modos de produção e no perfil dos profissionais;
Programação a serviço do cidadão e da diversidade; Interatividade com o ouvinte; O que quer a audiência e Formação de rede: rompendo fronteiras e divisas.
No segundo dia do encontro, as palestras abordarão três temas: Comunicação a serviço da sociedade, Despartidarização das emissoras públicas e Transparência e ética nos princípios editoriais.
A programação completa pode ser obtida no site www.radiobras.gov.br, clicando em Arnaspal.
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