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Economia
Quarta - 06 de Abril de 2005 às 06:44
Por: Nicola Pamplona

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Rio de Janeiro - O impasse em torno da nova lei boliviana para o gás natural pode provocar problemas de abastecimento do combustível no Brasil e na Argentina, segundo avaliação da companhia espanhola Repsol-YPF, maior produtora de gás na Bolívia. O diretor de comercialização de gás da companhia, Marco Aurélio Tavares, estima que o mercado brasileiro de gás deve apresentar risco de déficit a partir de 2008, devido à suspensão de novos investimentos no país vizinho movida pela preocupação com a lei em discussão no legislativo local.

"Precisamos de uma agenda mínima de investimentos para acompanhar o crescimento do mercado, mas a demora em uma solução na Bolívia está atrasando os projetos", afirmou o executivo. Segundo ele, em 2008 o País terá uma demanda de 88 milhões de metros cúbicos por dia, contra uma capacidade de oferta diária de 58 milhões de metros cúbicos.

O déficit de 30 milhões de metros cúbicos poderia ser coberto pela ampliação do Gasoduto Bolívia-Brasil e a construção do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, projetos já em estudo mas parados por conta do impasse na Bolívia.

Impostos e projetos

A Câmara dos Deputados boliviana já aprovou a nova lei do gás, que cria um imposto adicional de 32% sobre as exportações do combustível e, segundo as empresas produtoras, inviabiliza novos projetos em exploração e produção. A própria Repsol planeja investir US$ 1,5 bilhão no aumento da produção e no escoamento do gás da Bolívia, mas espera a solução do impasse para dar início aos projetos. "Se o projeto fosse sancionado como está, não teríamos condições de tocar os empreendimentos, mas confiamos que as coisas vão se organizar de forma razoável", disse Tavares.

Dentre os projetos, está a construção de um gasoduto ligando a Bolívia ao Brasil pela Argentina para abastecer a região Sul do País, através do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre. A Repsol tem 50% da capacidade de produção boliviana de gás, cujos mercados prioritários são Brasil e Argentina, e aguarda a definição da nova lei para decidir o início das operações do campo de Margarita, com capacidade para 30 milhões de metros cúbicos por dia, volume suficiente para encher o Gasoduto Bolívia-Brasil. Segundo Tavares, a agenda mínima de investimentos necessários para garantir o abastecimento nacional soma US$ 7 bilhões nos próximos três anos.

Ele inclui aí uma primeira etapa do projeto de produção do campo de Mexilhão, maior reserva brasileira de gás, localizada na Bacia de Campos. A multinacional negocia com a Petrobrás sua entrada no empreendimento, cuja atividade deve ser iniciada em 2009. Tavares ressaltou, porém, que o campo de Mexilhão deve demorar entre sete e oito anos para atingir grandes volumes de produção. "A Bacia de Santos não é solução de curto prazo, pois ainda precisa ser conhecida", avaliou.




Fonte: Agência Estado

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