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Nacional
Quarta - 06 de Abril de 2005 às 00:12
Por: Clarrisa Thomé

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Rio de Janeiro - A polícia não tem dúvidas de que quatro PMs executaram as 30 vítimas da matança na Baixada Fluminense e que pelo menos outros seis deram cobertura, destruindo provas e ajudando na fuga. Nesta terça-feira, a pedido da Polícia Civil, a justiça determinou a prisão de seis dos 11 PMs que já estavam detidos.

Segundo o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, os atiradores estavam num Gol prata. Eles agiram mostrando o rosto em Nova Iguaçu, onde 18 pessoas foram assassinadas. Já em Queimados, onde 12 pessoas morreram, os assassinos estavam mascarados - com exceção do soldado Carlos Jorge Carvalho, o primeiro a ser reconhecido formalmente. Outros dois carros apreendidos com policiais foram reconhecidos por testemunha. Nesta quarta, a Polícia Federal buscará detectar a presença de sangue e impressões digitais nos veículos para juntar mais provas.

Os seis policiais com prisão decretada são: os soldados Carlos Jorge Carvalho, Júlio César do Amaral de Paula, Maurício Montezano, Fabiano Lopes e Ivonei de Souza e o cabo José Augusto Felipe. A prisão Carvalho foi fundamental.

Alguns dos policiais suspeitos de atuar na retaguarda estavam de folga ou cumprindo licença. Ainda assim, foram aos locais para "auxiliar" a PM, de acordo com o chefe de Polícia. Para descaracterizar provas durante as investigações, ao chegar nos cenários dos crimes eles recolhiam cápsulas, mudavam os corpos de lugar e não socorriam as vítimas.

Grupos de extermínio - Álvaro Lins exonerou o delegado João Luís Almeida Costa, da delegacia de Queimados. Lins argumentou que as outras unidades têm investigado a atuação de grupos de extermínio na região. Porém, naquela delegacia, não há um único inquérito a este respeito. "Todos nós estamos nos empenhando, trabalhando no fim de semana, e não há na delegacia (de Queimados) qualquer investigação concreta sobre grupos de extermínio", afirmou Lins. Para o lugar do delegado exonerado irá Ademir de Oliveira, antigo titular de Duque de Caxias.

A suspeita de que os PMs investigados cometeram outros assassinatos ganhou força: parentes da vendedora Mara Valéria Moreira, de 40 anos, desaparecida na Via Dutra há quatro meses junto do filho Enil Fagundes, de 21, reconheceram bijuterias vendidas por ela entre os objetos apreendidos na casa do soldado Carvalho. Lins pediu o levantamento das mortes em confronto com os quatro atiradores presos para comparar munições usadas com aquelas retiradas das vítimas da chacina. "Se houver coincidência, é uma prova bem forte", disse o chefe de polícia.

Força-tarefa - Anunciada na segunda-feira pelo secretário Marcelo Itagiba e pelo superintendente da PF José Milton Rodrigues, a força-tarefa contra grupos de extermínio não decolou: a PF informou que o trabalho conjunto se restringirá às investigações sobre a chacina. "É preciso que fique claro: o que existe é uma colaboração entre as polícias, as pessoas trabalhando em conjunto. Não existe força-tarefa", disse o delegado Agildo Soares, responsável pela delegacia da PF em Nova Iguaçu.

De acordo com o Ministério da Justiça, para que uma força-tarefa seja instalada é necessário que haja uma portaria ministerial que respalde a medida. Álvaro Lins deu declaração no mesmo tom: "Nesse caso da chacina, há entrosamento perfeito entre a Polícia Civil e a Polícia Federal. Com relação à força-tarefa, é uma outra escala de decisão, sobre a qual não tenho como comentar".




Fonte: Agência Estado

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