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Internacional
Terça - 05 de Abril de 2005 às 14:20

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Os presidentes iraniano, Mohamed Khatami, e argelino, Abdelaziz Bouteflika, ressaltaram nesta terça-feira o papel "crucial" do diálogo entre as civilizações para a paz, o progresso e o futuro da Humanidade, em uma conferência realizada na Unesco. O "cheiro do petróleo" e "a arrogância e o despotismo" não podem guiar a política internacional e são contrários à defesa dos direitos humanos, afirmou Khatami, a quem é atribuída a paternidade da idéia do "diálogo entre a civilizações".

Em seu discurso na Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), Khatami fez críticas veladas aos Estados Unidos e se disse contra uma política guiada por considerações "exclusivamente econômicas".

Bouteflika criticou a idéia do "Grande Oriente Médio" lançada pelo presidente americano, George W. Bush, que permite, segundo ele, que a "nefasta" e "errônea" teoria do "choque de civilizações", nascida nos anos 80, ganhe terreno.

O presidente argelino considerou "absurdo" pensar que os países islâmicos iniciaram uma espécie de "cruzada", uma guerra contra o Ocidente, através de "grupos terroristas".

O terrorismo, segundo ele, é "um assunto de todos" e para combatê-lo é preciso "neutralizar e isolar" os grupos terroristas, além de atacar - disse - as causas profundas do "mal-estar social" do qual se nutre e que não afeta só os muçulmanos.

Khatami disse que o diálogo entre as civilizações significa "a rejeição do terrorismo e da violência" e consiste "em estigmatizar e condenar todo tipo de violência, terrorismo e guerra".

Diante da ameaça de confronto entre as civilizações, a única via possível é o diálogo, qualificado pelos participantes de "vital", "crucial" e "motor do progresso".

Bouteflika destacou a proposta do presidente espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, de criar uma "aliança" de civilizações.

Essa aliança, acrescentou Bouteflika, começaria entre as duas margens do Mediterrâneo, para criar um "lago de paz" e resolver o conflito palestino-israelense, com a "criação de um Estado palestino territorialmente viável e independente, e a desocupação e restituição dos territórios árabes ocupados em junho de 1967".

Bouteflika e Khatami reafirmaram a importância de mostrar o valor da educação, da cultura e do respeito à diversidade às gerações futuras, para construir um mundo mais justo e multipolar.

"O que seria da vida sem o sorriso de Buda, sem o amor de Jesus Cristo e a compaixão de Moisés, sem a água e o fogo de Zaratustra, sem as palavras e os sentidos corânicos?", se perguntou Khatami, ao afirmar a necessidade de salvar "o que a humanidade nos legou de belo, de ideal, de cultura e de pensamento".

Bouteflika e o diretor geral da Unesco, Koichiro Matsuura, aproveitaram para louvar o "grande canto ao diálogo" entre civilizações, religiões, povos e culturas diferentes lançado durante toda sua vida pelo papa João Paulo II.





Fonte: EFE

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