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Nacional
Terça - 05 de Abril de 2005 às 01:35
Por: Roberta Pennafort e Clarissa T

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Rio de Janeiro - Onze policiais militares suspeitos da chacina de 30 pessoas na Baixada Fluminense estão presos. O último deles, o soldado Júlio Cesar Amaral de Paula, se entregou nesta segunda-feira. Dos outros dez presos, três já foram reconhecidos por testemunhas, segundo as quais eles tiveram participação direta no crime. Um 12º PM estava sendo procurado. A Justiça já expediu mandado de prisão temporária, de 30 dias, para este policial, cujo nome não foi divulgado.

Todos os PMs identificados são do batalhão de Queimados. Pelo menos um deles (a polícia não revela qual) teria envolvimento em outro crime: o assassinato da vendedora de jóias Mara Valéria Moreira, de 41 anos, e do filho dela, Enil Fagundes Neto, de 21 anos, em dezembro. Eles foram abordados na Rodovia Presidente Dutra por quatro homens e desapareceram em seguida. O ex-vereador de Nova Iguaçu José Rechuen, marido de Mara, foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o caso, que poderiam ajudar a elucidar a chacina.

Sete policiais, de Queimados e de outras unidades, estão detidos em caráter administrativo, entre eles um oficial, o tenente Roberto Assis. Pelo que já foi levantado até o momento, eles não estariam implicados diretamente no massacre, mas podem ter acobertado os assassinos. Mesmo assim, serão submetidos a reconhecimento pelas testemunhas.

Até o início da noite, policiais citados por colegas suspeitos estavam prestando depoimento à polícia. Os relatos foram acompanhados pelo inspetor-geral das polícias, João Carlos Ferreira. Ele apelou à população para denunciar os envolvidos. "Em algum momento, em algum lugar, esse grupo se reuniu e ficou algum tempo engendrando as ações. Não acredito que essa reunião tenha ocorrido dentro do batalhão porque chamaria a atenção. Algumas pessoas viram", disse.

Testemunhas

Pessoas que presenciaram os assassinatos em Queimados contaram que, antes da chacina, encontraram um dos atiradores, que disse que algo de ruim iria acontecer. Depois do crime, elas passaram a receber ameaças para deixar suas casas. Segundo esses relatos, um dos bandidos voltou a um dos pontos onde ocorreram os crimes na mesma noite. As informações foram passadas pelo deputado Geraldo Moreira, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. A polícia do Rio e a PF já ofereceram proteção às testemunhas.

Motivação

A hipótese mais forte é que a matança tenha sido uma represália às modificações feitas nos comandos dos quatro batalhões da Baixada, para coibir desvios de conduta de integrantes das tropas. Uma outra possibilidade é que os diferentes grupos que atuam na região estejam disputando território e tenham matado 30 pessoas numa demonstração de força.

Na manhã desta segiunda-feira foram feitas operações de busca e apreensão nas casas de três policiais. Lá foram encontrados um Gol preto roubado, com chassis adulterado e placa clonada; munição para pistola 380 e ponto40, um colete da Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma balança, jóias, algemas, rádios-transmissores e carregadores de pistola ponto 40.

Feridos

Kênia Dias, de 27 anos, alvejada na boca em Nova Iguaçu, continua internada no Hospital da Posse e teve melhora de domingo para esta segunda-feira. Baleado na coxa direita, Leovaldo Silva, de 44 anos, seria submetido no início da noite a uma cirurgia. Silva não corre risco de vida. O governo do Estado vai pagar pensão às famílias das vítimas da chacina.




Fonte: Agência Estado

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