Família espera chamado para embalsamar corpo do papa

Roma - Antes que o papa possa ser velado em público na Basílica de São Pedro, seu corpo deve passar por um embalsamamento - processo que retarda a decomposição do organismo e permite que ele fique exposto por mais tempo. Uma tradição que, ao longo das últimas décadas, tem sido delegada à família Signoracci, de Roma.

"Estou esperando a ligação deles (do Vaticano)", dizia neste domingo um dos membros da família, Massimo Signoracci. "Ficaríamos muito felizes se eles ligassem; seria uma pena quebrar a tradição."

Os Signoracci fizeram o embalsamamento dos três papas antes de João Paulo II. A técnica remonta à preparação de múmias no antigo Egito, adaptada ao longo dos séculos para atender às necessidades funerárias modernas.

O processo principal é a drenagem de todo o sangue do organismo e sua substituição por uma mistura de conservantes químicos, como álcool e formol.

Corantes líquidos também podem ser incluídos para preservar a coloração da pele. Dependendo dos produtos utilizados, o corpo pode ser conservado desde alguns dias até vários anos.

"É uma grande emoção estar perto e trabalhar com alguém tão famoso e adorado", disse Massimo Signoracci. "Com alguém como o papa, estamos prontos para fazer o melhor, assim como meus antepassados fizeram antes de mim."

Pequenas incisões são feitas para retirar todos os líquidos e gases do organismo, além da injeção arterial dos conservantes. Sem o embalsamamento, o corpo começa a se decompor nas primeiras 24 horas. A musculatura enrijece, a pele fica pálida, o olhos murcham e os cabelos caem.

A família Signoracci embalsamou os corpos dos papas João XXIII em 1963, Paulo VI e João Paulo I, em 1978. Paulo VI foi apenas parcialmente preparado e, após dois dias de velório, o corpo já apresentava palidez.

João XXIII, por outro lado, foi exumado em 2001 para ser transferido para a basílica, 38 anos depois de sua morte, e seu corpo estava em ótimo estado de conservação.

O corpo de João Paulo II está exposto na Sala Clementina do Palácio Apostólico apenas para autoridades da Cúria Romana, diplomatas e governantes italianos. Segundo o Vaticano, ele deveria ser transferido na tarde de segunda-feira para a Basílica de São Pedro, para a despedida do público.