Testemunha reconhece PM suspeito de chacina no Rio
O soldado Fabiano Gonçalves, 30 anos, foi rapidamente identificado por uma pessoa que presenciou uma das ações do grupo. O delegado Roberto Cardoso, da 58ª DP (Nova Iguaçu), pediu a prisão temporária do policial. O outro PM preso, o cabo José Augusto Moreira Felipe, 32, não foi reconhecido, mas será mantido em prisão administrativa por 72 horas.
Policiais civis e federais foram mobilizados, durante todo o sábado, para uma série de diligências sobre as investigações da chacina na Baixada. Na casa de José Augusto, foram apreendidos uma pistola calibre 380, uma escopeta e uma motocicleta sem placa.
Os endereços dos dois policiais foram apontados por informações anônimas ao Disque-denúncia, que oferece recompensa de R$ 5 mil a quem fornecer pistas que ajudem a polícia a chegar aos autores da chacina. Até hoje à tarde, o serviço tinha recebido 206 denúncias.
As buscas nas casas dos policiais foram desencadeadas em cumprimento aos mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Segundo policiais, os PMs são parecidos com os dos retratos-falados dos assassinos.
Os PMs estavam de licença, e José Augusto tem um ferimento a bala em um dos braços. Ele justificou a lesão afirmando que foi vítima de uma tentativa de assalto há cerca de um mês. Os dois negaram participação na chacina e disseram que estavam em casa no momento dos crimes.
Citado no depoimento de Fabiano como álibi, um policial identificado como tenente Assis, também do 24º BPM, terá a prisão pedida pelo delegado.
O secretário estadual de Direitos Humanos, Jorge da Silva, disse neste sábado que o governo do Rio de Janeiro vai incluir no Programa de Proteção à Testemunhas as pessoas que quiserem colaborar com as investigações.
"O programa já tem 58 protegidos e pode chegar até 100 pessoas. Também temos capacidade de levar as testemunhas para outro estado", informou.
Segundo Jorge da Silva, a secretaria de Direitos Humanos montará uma comissão especial composta por um coronel da Polícia Militar e um delegado, além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da defensoria pública para investigar grupos de extermínios.
"Sabemos que existe corporativismo na própria polícia, mas vamos fundo nas investigações até localizar os culpados", prometeu.
Membro da comissão de Direitos Humanos, o deputado Alessandro Molon (PT) afirmou que as investigações estão avançadas. "O Ministério Público da Baixada está empenhado. Acredito que os responsáveis serão localizados em até 24 horas", comentou Molon.
O chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, requisitou ao 24º BPM (Queimados) 10 pistolas calibre .40 ¿ semelhante a um dos tipos de arma usados na chacina ¿ para que sejam submetidas a perícia. Existe a suspeita de que a chacina de quinta-feira esteja relacionada ao assassinato de dois homens na madrugada de terça-feira, na área do batalhão da PM de Duque de Caxias.
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