Oposição do Zimbábue diz que eleições foram fraudulentas

Embora esteja liderando a apuração dos votos, a oposição do Zimbábue afirmou nesta sexta-feira que as eleições parlamentares foram uma fraude.

Com 39 das 120 regiões eleitorais contabilizando as urnas, os resultados oficiais mostram o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) à frente, com 32 cadeiras, contra sete para o partido Zanu-PF, do governo. Mas os resultados vinham principalmente de áreas urbanas, onde o MDC é forte.

As urnas das áreas rurais, dominadas pela legenda do presidente Robert Mugabe, estavam sendo apuradas de forma mais lenta, mas devem garantir uma virada de mesa para o governo, favorito para vencer as eleições de quinta-feira.

Na sexta, a Alemanha acrescentou sua voz ao coro de países ocidentais que condenaram as eleições, consideradas fraudulentas.

O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, cujo partido acusou o Zanu-PF de usar leis repressivas, intimidação política e até o acesso a suprimentos de comida para garantir sua vitória, disse na sexta-feira que o pleito era um jogo de cartas marcadas.

"Estamos muito preocupados com as atividades fraudulentas descobertas. Não aceitamos que isso represente o sentimento nacional", disse o oposicionista em uma entrevista coletiva.

A oposição teria de conquistar 76 cadeiras para sair vencedora das eleições, enquanto o Zanu-PF precisa de apenas 46 porque o partido conta com 30 cadeiras que são indicadas pelo presidente. O Parlamento é formado por 150 deputados.

O comparecimento às urnas foi baixo e ficou em cerca de 42 por cento, menos que os 48 por cento registrados na eleição passada, de 2000.

Um grupo independente de monitoramento afirmou que até 25 por cento dos eleitores podem ter sido afastados dos locais de votação por não terem os documentos exigidos ou por estarem nas urnas erradas. Tsvangirai perguntou como tantas pessoas podem ter se enganado.

Mugabe afirmou esperar que o Zanu-PF conquiste uma maioria de dois terços no Parlamento, o que lhe daria poder para mudar a Constituição e consolidar-se no poder, onde está há 25 anos.

(Reportagem adicional de Emelia Sithole em Bulawayo, Manoah Esipisu e Lucia Mutikani em Harare e Macdonald Dzirutwe em Masvingo)