Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 31 de Março de 2005 às 13:33
Por: Crispian Balmer

    Imprimir


Um grupo rebelde da etnia hutu reconheceu a existência do genocídio de 1994 em Ruanda e disse na quinta-feira que suspenderia suas ações armadas contra as forças do governo ruandês a fim de ajudar a aliviar a "catastrófica crise humanitária" da região.

Uma delegação representando as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo rebelde, divulgou o comunicado depois de dois dias de negociações na comunidade religiosa de Sant'Egidio, em Roma.

A declaração foi a primeira do tipo feita por rebeldes hutus, muitos dos quais são acusados de terem participado do genocídio, em que, durante cem dias, foram assassinados 800 mil tutsis e hutus moderados.

"As FDLR condenam o genocídio cometido contra Ruanda e seus autores. O grupo está decidido a lutar contra todas as idéias de ódio racial e está decidido a renovar seu compromisso de cooperar com a justiça internacional", disse o líder do grupo, Ignace Murwanashyaka.

"A partir desse momento, as FDLR anunciam a suspensão de todas as operações ofensivas contra Ruanda."

Os rebeldes hutus foram expulsos de Ruanda depois do genocídio, abrigando-se nas selvas vizinhas do Congo.

Desde então, eles são o centro das tensões no leste do território congolês, onde a violência constante e a disseminação de doenças criaram uma grande crise humanitária.

Um representante da República Democrática do Congo elogiou a manobra das FDLR, afirmando se tratar de um momento histórico para a África.

"Mesmo um mês atrás era impossível acreditar que eles poderiam divulgar um comunicado assim contundente", afirmou à Reuters o embaixador itinerante do Congo, Antoine Ghonda.

Richard Sezibera, assessor do presidente ruandês, Paul Kagame, disse que, se for verdadeira, a declaração das FDLR representa uma boa notícia.

"Se eles renunciarem à ação armada, então devem desarmar-se totalmente. Vamos saber da seriedade da declaração deles quando eles se desarmarem", afirmou.

Um porta-voz da Comunidade Sant'Egidio disse que o grupo espera reunir, nas próximas semanas, em uma mesa de negociações o governo de Ruanda, os rebeldes e autoridades do Congo.

O Sant'Egidio é um movimento da Igreja Católica formado por pessoas leigas que lutam para levar a paz ao mundo.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/349876/visualizar/