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Inundações multiplicam transtornos nas avenidas
A chuva foi tanta que muitas áreas ficaram alagadas deixando os veículos parados
Choveu, alagou. Inundações que causam transtorno. Avenidas que se rendem aos canais transbordantes. Tráfego congestionado. Cidade parada. Nada de novo no teor das manchetes que, a cada pé-d´água, recheiam as páginas de jornais, "animam" os boletins das rádios e movimentam a dramaturgia dos noticiários de TV da cidade. Na verdade, nada de novo no reino do caos: Salvador sofre com a falta de estrutura para suportar as caudalosas demonstrações de força dos céus. São diversos pontos de alagamento, herança da falta de planejamento e do crescimento desordenado que nem mesmo a limpeza dos canais de drenagem consegue subverter.
No centro de uma poça com mais de 100m de comprimento, em frente ao condomínio Amazonas (Paralela), dois ônibus coletivos avariados, cheios de passageiros, aguardam o nível da água, que chegou a quase 1m, baixar. Ninguém se arrisca a descer, apesar das caras de poucos amigos demonstrarem que os compromissos já eram. Para entrar no condomínio, só enfrentando a água marrom. O alagamento que vem do charco ao lado é cena comum. "Essa água desce lá do Cabula. Já andaram trabalhando nisso, mas parece que nunca tem jeito", comenta Rui Calmón, dono de um armazém no Shopping Amazônia.
Na Avenida ACM, bairro do Itaigara, o saldo de uma chuva mais forte é sempre o mesmo: um lençol d''água cobre todas as pistas e transforma motoristas e pedestres em vítimas inertes da inundação. "Nem precisa chover muito pra gerar isso aí", garante o frentista Neverton José dos Santos, cansado de ver o canteiro central que divide as pistas desaparecer. Ao lado do posto onde trabalha, a tampa de um bueiro resiste bravamente à pressão da água que sobe e jorra do canal subterrâneo. "Alaga tudo, inclusive o passeio. Ninguém consegue atravessar, e ainda por cima esse cheiro de esgoto", reclama a dona de lanchonete Cacilda Portugal, que já viu sua loja próxima ao Shopping Itaigara ser invadida várias vezes.
"Aqui enche tudo, fica feio mesmo. Eu até já perdi meu sapato atravessando a rua", relata a moradora de um prédio na Av. Centenário, Lourdes Paz, 86 anos. A cada chuva, a preocupação com o estreito canal de uma das principais avenidas da Barra, que transborda facilmente. Carros quebrados, trânsito engarrafado, prejuízos pra todo o lado. "As garagens de vários prédios aqui enchem de água. A saída do canal é estreita demais, e o povo ainda joga lixo. Esse problema é velho", diz o taxista Gilval Freitas.
Outra avenida de vale que sofre com a falta de estrutura para escoamento da água das chuvas é a Reitor Miguel Calmon, no Vale do Canela. Com a limpeza do duto feita recentemente, a situação melhorou, porém basta chover mais forte que o canal não suporta o fluxo e presenteia com água as pistas e os passeios nos dois sentidos da via. "A última vez que chegou a transbordar foi naquela chuva de fevereiro. Não dava pra ver nada, não passava carro", lembra o segurança do Instituto de Ciências da Saúde da Ufba, Wanderlei Filho.
Os pontos críticos de alagamento estão por toda a Salvador, e têm, segundo especialistas, relação direta com a urbanização desenfreada dos últimos 20 anos. Os sistemas de drenagem foram projetados para uma Salvador que já não existe, as construções tomaram o lugar de áreas verdes que absorviam a água naturalmente. Hoje, a permeabilidade do solo é outra, e a realidade da cidade também. "A água desce de vários lugares para os mesmos pontos da rede, que está subdimensionada, não suporta e transborda", explica o engenheiro e superintendente da Sumac (Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade), Wellington Pereira da Silva.
As ações emergenciais - desobstrução permanente de canais de microdrenagem - são o máximo que se pode fazer, segundo Silva, enquanto Salvador não ganha um projeto de reestruturação das redes de escoamento pluvial, que incluiria o alargamento de canais já existentes e a construção de grandes galerias celulares. "A obra é cara, mas fundamental, e merece um grupo de estudo que una os governos federal, estadual e municipal nesse desafio. Precisamos abrir essa discussão", sugere.
No centro de uma poça com mais de 100m de comprimento, em frente ao condomínio Amazonas (Paralela), dois ônibus coletivos avariados, cheios de passageiros, aguardam o nível da água, que chegou a quase 1m, baixar. Ninguém se arrisca a descer, apesar das caras de poucos amigos demonstrarem que os compromissos já eram. Para entrar no condomínio, só enfrentando a água marrom. O alagamento que vem do charco ao lado é cena comum. "Essa água desce lá do Cabula. Já andaram trabalhando nisso, mas parece que nunca tem jeito", comenta Rui Calmón, dono de um armazém no Shopping Amazônia.
Na Avenida ACM, bairro do Itaigara, o saldo de uma chuva mais forte é sempre o mesmo: um lençol d''água cobre todas as pistas e transforma motoristas e pedestres em vítimas inertes da inundação. "Nem precisa chover muito pra gerar isso aí", garante o frentista Neverton José dos Santos, cansado de ver o canteiro central que divide as pistas desaparecer. Ao lado do posto onde trabalha, a tampa de um bueiro resiste bravamente à pressão da água que sobe e jorra do canal subterrâneo. "Alaga tudo, inclusive o passeio. Ninguém consegue atravessar, e ainda por cima esse cheiro de esgoto", reclama a dona de lanchonete Cacilda Portugal, que já viu sua loja próxima ao Shopping Itaigara ser invadida várias vezes.
"Aqui enche tudo, fica feio mesmo. Eu até já perdi meu sapato atravessando a rua", relata a moradora de um prédio na Av. Centenário, Lourdes Paz, 86 anos. A cada chuva, a preocupação com o estreito canal de uma das principais avenidas da Barra, que transborda facilmente. Carros quebrados, trânsito engarrafado, prejuízos pra todo o lado. "As garagens de vários prédios aqui enchem de água. A saída do canal é estreita demais, e o povo ainda joga lixo. Esse problema é velho", diz o taxista Gilval Freitas.
Outra avenida de vale que sofre com a falta de estrutura para escoamento da água das chuvas é a Reitor Miguel Calmon, no Vale do Canela. Com a limpeza do duto feita recentemente, a situação melhorou, porém basta chover mais forte que o canal não suporta o fluxo e presenteia com água as pistas e os passeios nos dois sentidos da via. "A última vez que chegou a transbordar foi naquela chuva de fevereiro. Não dava pra ver nada, não passava carro", lembra o segurança do Instituto de Ciências da Saúde da Ufba, Wanderlei Filho.
Os pontos críticos de alagamento estão por toda a Salvador, e têm, segundo especialistas, relação direta com a urbanização desenfreada dos últimos 20 anos. Os sistemas de drenagem foram projetados para uma Salvador que já não existe, as construções tomaram o lugar de áreas verdes que absorviam a água naturalmente. Hoje, a permeabilidade do solo é outra, e a realidade da cidade também. "A água desce de vários lugares para os mesmos pontos da rede, que está subdimensionada, não suporta e transborda", explica o engenheiro e superintendente da Sumac (Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade), Wellington Pereira da Silva.
As ações emergenciais - desobstrução permanente de canais de microdrenagem - são o máximo que se pode fazer, segundo Silva, enquanto Salvador não ganha um projeto de reestruturação das redes de escoamento pluvial, que incluiria o alargamento de canais já existentes e a construção de grandes galerias celulares. "A obra é cara, mas fundamental, e merece um grupo de estudo que una os governos federal, estadual e municipal nesse desafio. Precisamos abrir essa discussão", sugere.
Fonte:
Correio da Bahia
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/349930/visualizar/
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