Egípcios protestam após Assembleia aprovar nova Constituição
Milhares de egípcios protestaram contra o presidente Mohamed Morsi nesta sexta-feira, 30, depois de a Assembleia, liderada pelos islâmicos, aprovar uma nova Constituição na tentativa de pôr fim a uma crise sobre a recém-ampliação dos poderes do líder islâmico. "O povo quer derrubar o regime", cantavam eles na Praça Tahrir, o que se ouvia no mesmo local há menos de dois anos, quando Hosni Mubarak foi derrubado.
Morsi disse que o decreto, que proíbe contestações judiciais às suas decisões, e que provocou protestos e violência em várias cidades do país, se limita a "um estágio excepcional". "Ele vai terminar assim que as pessoas votarem na nova Constituição", disse ele à TV estatal na noite de quinta-feira. "Não há lugar para uma ditadura."
A oposição protestou. Liberais, esquerdistas, cristãos, muçulmanos mais moderados e outros se retiraram da Assembleia, afirmando que suas vozes não eram ouvidas. Milhares de pessoas lotaram a Praça Tahrir e saíram às ruas em Alexandria e em cidades no Canal de Suez, no Delta do Nilo e no sul de Cairo, respondendo ao clamor da oposição por uma grande manifestação.
A oposição, que tem tido dificuldades para competir com os islâmicos bem organizados, se uniu e foi revigorada pela crise. Dezenas de milhares também protestaram na terça-feira, demonstrando o descontentamento público.
Os islâmicos, no entanto, têm uma máquina política poderosa e os Estados Unidos têm observado com cautela a ascensão de um grupo que já foi mantido sob controle agora governando uma nação que possui um tratado de paz com Israel e está no centro da Primavera Árabe.
Os manifestantes afirmam que pressionarão pelo "não" em um referendo, que pode acontecer ainda em meados de dezembro. Se aprovado, ele pode cancelar de imediato o decreto do presidente. "Nós fundamentalmente rejeitamos o referendo e a Assembleia Constituinte porque a Assembleia não representa todas as seções da sociedade", disse Sayed el-Erian, de 43 anos, manifestante da Praça Tahrir e integrante de um partido criado por Mohamed ElBaradei, da oposição.
"Saia, saia", cantavam alguns, repetindo outro bordão anti-Mubarak. Milhares de simpatizantes de Mursi também foram às ruas em Alexandria.
Na mesquita do Cairo onde Morsi proferiu as orações de sexta-feira, alguns opositores cantaram contra ele, mas os simpatizantes rapidamente os cercaram com gritos de apoio ao presidente, afirmaram jornalistas e uma fonte da segurança.
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