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Economia
Quarta - 30 de Março de 2005 às 10:40
Por: Joana Dantas

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Além de amargar perda de 20% a 40% na qualidade do grão de soja em conseqüência do excesso de chuvas, os produtores enfrentam agora o desafio de superar os atoleiros para escoar a safra por rodovias inexistentes.

Na BR-364, entre Diamantino e Itamaraty, por exemplo, diariamente cerca de 200 a 300 caminhões ficam atolados em grandes lamaçais.

O gerente de armazenagem da Bunge, José Peres Generoso, de Tangará da Serra (239 km de Cuiabá), afirma que quase todos os dias registra carretas da empresa paradas nas estradas, e muitas vezes até tombadas nos trechos mais críticos.

"Já ficamos com caminhões parados na estrada por cinco dias. A água entrava na cabine. Não existe conservação nessas pistas, isso gera muitos prejuízos para a empresa", reclama o gerente. De acordo com ele, a situação já foi informada aos órgãos responsáveis, mas até o momento nenhuma providência foi adotada.

O coordenador do CentroGrãos (Centro de Comercialização de Grãos) Demilson Torres afirma que a calamidade nas estradas federais e estaduais da região norte do Estado provocou aumento de 25% no custo do frete. O preço cobrado por tonelada varia entre R$ 220 e R$ 230, cita Torres. Em dias normais, o valor gira entre R$ 170 e R$ 180 conforme a região.

"Quanto mais ruins as estradas, mais caros ficam os fretes cobrados para ecoar a soja. Como as BRs estão quase todas estragadas, sem manutenção, o frete é um dos itens que mais oneram os custos de produção. Nos municípios para cima de Sinop a situação é mais dramática. Os agricultores dessa região têm reclamado muito", disse Torres.

Para o diretor-executivo da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR-MT), Paulo Resende, o problema é mais grave porque não existem perspectivas de manutenção, uma vez que o Ministério dos Transportes bloqueou os recursos federais destinados à recuperação emergencial de 1.100 quilômetros das vias federais.

A paralisação do repasse se deu por um equívoco de informações sobre contratos irregulares. Estão previstos no Orçamento 2005 R$ 180 milhões para o Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte) executar obras nas rodovias federais de Mato Grosso, que há cinco anos não têm investimentos.

Os trechos prejudicados com a medida são BR-163 entre rio Correntes e Rondonópolis; rio dos Patos a Sinop; divisa do Pará à entrada da MT-430; São Félix do Araguaia a Posto da Mata; Alto Araguaia a Rondonópolis; São Vicente a Cuiabá; Trevo do Lagarto a Nova Jangada; Diamantino a Itamarati do Norte.

As precárias estradas são responsáveis pelos desperdícios de cerca de 10% dos grãos produzidos no Estado, além da morte de 220 pessoas e ferimento de 1.772 em 3.114 acidentes ocorridos nas rodovias federais de Mato Grosso, conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).




Fonte: Folha do Estado

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