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Internacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 23:58

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O Parlamento iraquiano fracassou nesta terça-feira em sua segunda tentativa para nomear um presidente, num dia marcado, mais uma vez, pela violência e as notícias de um novo seqüestro de jornalistas estrangeiros.

A segunda sessão de trabalho da Câmara foi obscurecida pela disputa entre o primeiro-ministro interino, o xiita Iyad Allawi, que abandonou a sala, e o presidente do país, Ghazi al Yawar, que se negou a aceitar a presidência da Assembléia.

A polêmica mostrou as profundas diferenças que ainda separam xiitas, sunitas e curdos, as três principais comunidades do mosaico étnico e religioso que é o Iraque.

Além disso, tornou óbvias as dúvidas da minoria sunita em se integrar num processo de transição democrática, no qual se sente um simples convidado, depois de ter tido a supremacia no país durante a ditadura de Saddam Hussein.

A maioria dos sunitas, que representam 20% da população iraquiana, boicotou as eleições e sua presença no novo Parlamento é muito pequena.

Ainda assim, os xiitas e os curdos aceitaram integrá-los no processo político, e ofereceram a presidência da Câmara, que foi rejeitada por Al-Yawar.

Fontes parlamentares informaram hoje que se tentará chegar a um consenso sobre outro candidato sunita, aparentemente um membro da tribo de Al-Yawar, para que seja eleito no próximo fim de semana, para quando foi adiada a próxima sessão.

"Iyad Allawi abandonou a reunião porque tinha que atender outros compromissos contraídos anteriormente", declarou à emissora nacional "Al-Iraqiya" Hayem al-Hosni, deputado e membro do grupo "Iraquianos", liderado pelo próprio primeiro-ministro interino xiita.

"A sessão parlamentar do próximo domingo será decisiva para escolher o presidente e dois vice-presidentes da Assembléia Nacional, segundo foi concordado hoje pelos grupos" políticos, acrescentou Hayem, que também é ministro de Indústria e Mineração.

O incidente com Allawi não foi o único da curta e acidentada sessão do Parlamento, que sofreu, como a anterior, um ataque com morteiros, que não deixou vítimas.

O deputado Mansur al-Tamimi, da predominante Aliança Unida Iraquiana (AUI), xiita, denunciou que forças britânicas invadiram sua casa ontem e detiveram onze membros de sua família.

Na operação participaram 40 carros blindados, apoiados por dois helicópteros, contou Tamimi, que também afirmou que os soldados britânicos pegaram uma grande quantia de dinheiro.

O dia de hoje também ficou marcado por vários atentados, assassinatos e o seqüestro, ontem à noite, de três jornalistas romenos.

Um cidadão iraquiano, que preferiu não se identificar, explicou à EFE que na noite de ontem viu como três pessoas, uma mulher e dois homens que pareciam estrangeiros, foram seqüestrados no bairro Al-Yamea, no oeste da capital.

Segundo a testemunha, sete pistoleiros capturaram uma mulher loira, dois homens com aspecto de estrangeiros, e o motorista deles, de feições árabes.

"Colocaram os homens no porta-malas e a mulher no banco de trás, e fugiram rapidamente do lugar. A operação durou apenas alguns minutos", disse a testemunha.

A Polícia iraquiana anunciou hoje que encontrou três cadáveres com as mãos amarradas e o rosto desfigurado na localidade de Yan Bani Saad, próxima a Baquba, cerca de 90 quilômetros ao nordeste de Bagdá.

Os três corpos estavam vestidos com macacões laranja, normalmente usados por grupos terroristas para vestir os reféns que assassinam e que são parecidos aos usados pelos Estados Unidos nos presos que mantêm na prisão de Guantánamo, em Cuba.

A descoberta coincidiu com a aparição, na internet, de um vídeo no qual o grupo radical "Exército Islâmico no Iraque" anuncia que assassinou três caminhoneiros que havia seqüestrado.

Também hoje, dois soldados e dois supostos rebeldes iraquianos morreram num confronto na localidade de Al Tuz, próxima a Baquba, informou a Rádio Oficial iraquiano, A emissora, que entrevista o tenente-coronel do exército iraquiano Mohammed Waly, afirmou que o incidente ocorreu quando um grupo de oito insurgentes atacou o posto militar onde estavam os soldados.




Fonte: Agência EFE

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