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Nacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 19:49
Por: Elizabeth Lopes

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São Paulo - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) já está programando mais uma edição do abril vermelho, mês escolhido para intensificar as ocupações de terra e os protestos contra o governo. Para o dia 15 de abril, já está marcado um ato do MST na Praça da Sé. Em seguida, os trabalhadores rurais seguem para Goiânia, e no dia 17, iniciam uma grande marcha até Brasília.

O ministro de Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, esteve hoje na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na Capital paulista, em uma mesa redonda com sindicalistas. Rossetto disse que o governo não vem fazendo mais nesta área porque os recursos são escassos. "Temos um problema real e público de recursos para este ano, pois o contingenciamento foi grande e estamos debatendo dentro do governo, com o objetivo claro de recuperarmos os recursos necessários para executar as nossas metas", reclamou.

De acordo com dados da assessoria do ministro, do total de recursos previstos este ano para a obtenção de terras, de R$ 755 milhões, o governo contingenciou R$ 480 milhões. "É óbvio que isso cria problemas", reafirmou o ministro. Em relação ao abril vermelho, programado pelo MST, Rossetto disse que o governo continuará trabalhando com a mesma conduta. "Temos um programa de trabalho para realizar neste setor, e o País tem leis, regras e normas que todos devem respeitar. Paralelo a isso, existe um ambiente permanente de negociação", garantiu.

O ministro não estava informado, até o início da tarde de hoje, da ocupação da estrada que dá acesso à hidrelétrica de Xingó, na divisa dos Estados de Sergipe e Alagoas. Mas destacou que a orientação do governo serve para todos os casos. Ou seja, apesar de o governo manter uma canal aberto de negociação, é preciso respeitar as leis e as normas.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, e grande parte dos sindicalistas presentes, questionaram a falta de recursos para um segmento tão importante como o da reforma agrária. A CUT pretende, inclusive, realizar um debate sobre o tema.

Além desta crítica, Marinho também fez um alerta sobre a divisão que começa a tomar conta dos movimentos sociais, sobretudo da luta pela terra. "Essa divisão mesquinha é inaceitável, temos de ter unidade e força para influenciar melhor todo este processo."

Durante os debates na CUT, o ministro Rossetto disse que desconhece a meta pregada por alguns sindicalistas, de que o governo Lula assentaria em quatro anos um milhão de famílias. "O debate é legítimo, mas não existe esta proposta, trabalhamos com uma meta de 600 mil famílias para os quatro anos de governo", disse. De acordo com Rossetto, o governo Lula assentou em dois anos 117 mil famílias, e o desafio para este ano é assentar mais 115 mil.

Ao justificar o número de assentamentos, muito inferior à meta estabelecida para os quatro anos de governo Lula, Rossetto disse que os problemas fundiários no Brasil são seculares, e aproveitou para alfinetar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, citando que a atual gestão herdou 90% dos assentamentos de terra sem energia elétrica, 80% sem acesso de estradas e 70% sem assistência técnica. "Pretendemos encerrar 2006 com a eletrificação rural nos assentamentos, e estamos tentando contornar os graves problemas de infra-estrutura", finalizou.




Fonte: Agência Estado

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