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Cidades/Geral
Terça - 29 de Março de 2005 às 09:31
Por: Fabiana Batista

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A dona de casa Maria Gertrudes Gomes nunca pôde comprar livros para nenhum dos seus quatro filhos. A família reside no bairro Pedra 90 e faz parte de uma parcela da população brasileira que fica à margem da informação e da cultura. E, se depender da política educacional do município de Cuiabá, Maria Gertrudes e seus quatro filhos vão perpetuar essa condição social.

Pelo menos é o que sugere a atitude da Secretaria Municipal de Educação (SME), que fechou no dia 22 de fevereiro a biblioteca alternativa do bairro Pedra 90. Ela integra o projeto "Saber com Sabor", cujo objetivo é implantar espaços de leitura nas periferias para incentivar o hábito entre crianças, jovens e adultos. A sugestão de fechar o local foi do diretor de Gestão Administrativa e Pessoal da SME, Rinaldo de Almeida, que garantiu que o custo de manter a biblioteca não compensava o "benefício". "Não tinha visitação. Eu mesmo fui até lá um dia e fiquei por duas horas: não apareceu ninguém", defende Rinaldo.

É preciso reforçar que a constatação do diretor foi feita com base em apenas quatro meses de funcionamento do espaço de leitura que não havia sequer sido inaugurado oficialmente pela secretaria.

Além de precipitado, o fechamento da biblioteca alternativa pode ter sido irresponsável. Isso porque a reportagem apurou que a média de visitação à biblioteca era de 60 pessoas/dia, número expressivo se considerar que o local havia sido instalado há pouco tempo.

Nos outros espaços semelhantes criados em três bairros da periferia de Cuiabá os resultados aparecem com menos de um ano de implantação. No Santa Izabel, por exemplo, o fluxo diário de visitantes é de 150 pessoas e cinco mil livros emprestados por mês. O cadastro de empréstimos de todas as quatro bibliotecas alternativas soma cerca de 18 mil pessoas, número que reflete a incorporação da leitura no cotidiano da população.

E esse foi o objetivo ao implantar o projeto, segundo relata o ex-secretário municipal de Educação, Carlos Maldonado. "O sistema de bibliotecas centrais não era frequentado pelas classes populares, tampouco permitia a incorporação da leitura aos hábitos da comunidade. A descentralização é estratégica no processo educativo e visa abrir espaço de afirmação cultural que envolve crianças, jovens e adultos", reforça Maldonado. A previsão do projeto original era de colocar em funcionamento mais de 20 bibliotecas em bairros. A assessoria de imprensa da SME informou que não há previsão de fechamento de outros espaços alternativos.




Fonte: A Gazeta

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