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Nacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 03:46
Por: Gilse Guedes

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Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientou os hemocentros públicos do País a classificar como inaptas para doação de sangue as pessoas que consumiram caldo de cana de quiosques às margens da BR-101, entre os municípios de Piçarras e Itajaí (SC). A medida, adotada por orientação do Ministério da Saúde, é para impedir uma contaminação em cadeia pelo sangue infectado com o protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas.

Todo centro de coleta de sangue terá de obter dos doadores, além das tradicionais informações sobre o estado de saúde das pessoas e uso de medicamentos, dados sobre a ingestão de caldo de cana de quiosques da região de Piçarras e Itajaí no período de 1º de fevereiro a 23 de março deste ano.

O sangue do doador que informar ao hemocentro que tomou caldo de cana dos estabelecimentos às margens da BR-101 será submetido à análise clínica para verificar a contaminação pelo protozoário transmissor do mal de Chagas. Em caso de confirmação da doença, a pessoa será encaminhada para tratamento médico.

Manuseio - A Anvisa também adotou outro procedimento para impedir que a doença se alastre para o restante de Santa Catarina. A agência orientou a Vigilância Sanitária do Estado para que os estabelecimentos comerciais tomem certos cuidados para a coleta do caldo da cana-de-açúcar. O comerciante deve lavar a cana com água limpa e corrente e instalar uma tela no local onde é extraído o caldo da cana.

A medida reforça a orientação que foi repassada às vigilâncias dos 27 Estados por meio do regulamento nacional sobre Boas Práticas para serviços de alimentação. Conforme resolução da Anvisa, os estabelecimentos comerciais, como quiosques, padarias, lanchonetes, restaurantes e bufês, têm de que adotar medidas básicas de higiene. Os comerciantes são obrigados a proceder de forma adequada e segura para manipular, preparar, acondicionar e armazenar, transportar e expor à venda os alimentos.

A resolução detalha de forma minuciosa os cuidados que devem ser tomados por quem vende alimentos. As regras vão desde orientações para funcionários que manipulam os produtos até o cumprimento de regras para manutenção, higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios e controle de vetores transmissíveis de doenças e pragas urbanas. Conforme a Anvisa, os funcionários precisam ter cuidados com asseio pessoal, uniformes compatíveis e assepsia periódica das mãos.

Duas frentes - O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, disse que o surto de Mal de Chagas no Estado está sendo atacado em duas frentes, a sanitária e a econômica. Na primeira, investiga-se a origem do problema, ainda não esclarecida. "Há várias hipóteses. Não dá para assegurar nada", disse o governador. Uma das possibilidades, informou, é a contaminação da cana-de-açúcar pela urina de animais silvestres. Outra hipótese é de que o surto tenha sido causado por produtos que Santa Catarina compra de outros estados.

Na esfera econômica, Luiz Henrique disse que o governo estuda formas de levar os "garapeiros", pessoas que vivem da venda de caldo de cana, a praticarem outras atividades, como o comércio de água de coco. Ele disse que foram confirmados aproximadamente 30 casos de pessoas contaminadas, mas o resultado da maioria dos testes tem sido negativo. O surto já causou a morte de seis pessoas.




Fonte: Agência Estado

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