Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 02:30

    Imprimir


Miami - O décimo dia de Terri Schiavo, de 41 anos, sem a sonda que a manteve alimentada nos últimos 15 anos foi marcado por apelos dramáticos de seu pai, que acusou os médicos de tentarem antecipar sua morte com altas doses de morfina, e uma passeata até Washington, organizada por integrantes de grupos contrários à sentença judicial que determinou a retirada do aparelho. "Tenho uma grave preocupação. Eles podem acelerar o processo para matá-la com uma alta dose de morfina", disse seu pai, Bob Schindler.

As aplicações, segundo os médicos, foram feitas para regular a respiração da americana, que nessa fase de desnutrição começa a ficar irregular. "Precisamos que alguém a salve. Ela está respondendo, mas está muito fraca. Eu a abracei e beijei. Ela reagiu. Está tentando falar e ainda mostra determinação para viver", completou.

Com os recursos judiciais esgotados, a passeata organizada por grupos católicos conservadores aparece como uma das últimas possibilidades - com chances de sucesso praticamente remotas - de salvar Terri. Liderados pelo diretor da Coalizão de Defesa Cristã, reverendo Patrick Mahoney, os manifestantes fizeram uma oração em frente à Casa Branca e visitaram líderes do Congresso. Enquanto isso, os pais de Terri recorreram novamente ao governador da Flórida, Jeb Bush, irmão de George W. Bush. Apesar dos pedidos angustiados, o governador reafirmou que devia respeitar as decisões dos tribunais de não recolocar a sonda em Terri.

Muitos políticos que condenaram as decisões judiciais e armaram a interferência do Congresso, para ganhar os votos dos grupos católicos conservadores, têm se mostrado mais distantes após a divulgação de pesquisas que mostraram que a maioria da população condenou as ações dos republicanos no caso. Graças à interferência, o caso saiu da esfera judicial estadual para ser debatido na Justiça federal. Mesmo assim, os pedidos dos pais de Terri foram negados.

No domingo, Terri recebeu a extrema-unção de dois sacerdotes católicos, que colocaram uma gota de vinho em sua língua. O sacramento teve a presença de familiares, enquanto nos arredores do centro médico manifestantes continuavam protestando a favor do "direito de viver" da americana. A polícia, que reforçou a proteção na área, chegou a prender um homem que tentou levar água a Terri.

Michael Schiavo - Em suas últimas horas, Terri tem sido acompanhada por seu marido e guardião legal, Michael Schiavo, responsável pelas ações judiciais que culminaram com a retirada da sonda. Enquanto manifestantes seguem chamando-o de monstro e assassino, funcionários do hospital o descrevem como um homem dedicado e incansável, que aprendeu enfermagem para cuidar melhor de Terri, o que fez com que mesmo após 15 anos em estado vegetativo ela não desenvolvesse úlceras na pele e estivesse sempre arrumada e maquiada.

Os dois se conheceram em 1982 e casaram-se dois anos depois. No dia 25 de fevereiro, pouco tempo após consultarem um ginecologista porque pretendiam ter um filho, Schiavo acordou com Terri caída no chão da casa. Ela tinha sofrido um ataque cardíaco provocado por uma queda de potássio e sódio no organismo. Seu cérebro ficou sem oxigênio, provocando um dano irreversível. Michael processou o médico por não ter diagnosticado o problema - e ganhou US$ 1 milhão, usados até hoje no tratamento da americana.

Tom Delay - O líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Tom DeLay, um ultraconservador que capitaneou os esforços no Congresso para manter Terri Schiavo viva, permitiu, quase 17 anos atrás, que médicos não tomassem medidas extraordinárias para estender a vida de seu pai, divulgou o jornal Los Angeles Times.

Tom DeLay havia acabado de ser reeleito para um terceiro mandato no Congresso em 1988 quando seu pai, Charles DeLay, então com 65 anos, ficou gravemente ferido num acidente de trânsito. Com os órgãos vitais comprometidos, a família preferiu não conectá-lo a aparelhos para prolongar-lhe a vida. O acidente ocorreu em 17 de novembro, e ele veio a falecer em 14 de dezembro.

Tom DeLay classificou recentemente de "ato bárbaro" a decisão judicial de deixar Terri Schiavo morrer. "Não havia nem a necessidade de se falar sobre isso", disse Maxine DeLay, de 81 anos, mãe do deputado, ao Los Angeles Times. "O Tom (DeLay) sabia, todos nós sabíamos, que seu pai não queria viver daquela maneira", afirmou. "E o Tom concordou (em não conectar o pai aos aparelhos)".




Fonte: Agência Estado

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/350547/visualizar/