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Nacional
Segunda - 28 de Março de 2005 às 20:15
Por: Alessandra Bastos

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Brasília - O depoimento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, não muda as conclusões do inquérito policial sobre o caso. Apesar do fazendeiro ter negado sua participação no crime, a polícia diz já ter esclarecido o caso. "Não há dúvida alguma que foi Amair que contratou o Rayfran e o Romualdo a pedido de Bida. Esta é a posição da polícia civil", afirma o delegado da Polícia Civil, Valdir Freire.

O trabalho conjunto de investigação das polícias federal, civil e militar aponta Vitalmiro e Amair Feijoli da Cunha, o Tato, como mandantes do crime. Rayfran Sales e Clodoaldo Batista são apontados como executores da morte. Todos já estão presos.

A acareação, anteriormente marcada para amanhã (29), só deverá ser realizada na quarta ou quinta. Ela foi suspensa porque as testemunhas ainda serão ouvidas em Pacajá pelo juiz Lucas do Carmo de Jesus e o promotor Lauro Freitas.

A polícia afirma ter evidência e provas testemunhais contra o fazendeiro. "A polícia tem provas e já remeteu à Justiça que a prova do crime foi encontrada na fazenda do Bida, há provas testemunhais de que a arma foi comprada por ele e entregue a Tato, que repassou aos executores. Há provas testemunhais também de que ele escondeu, logo após o crime, o Rayfran e o Clodoaldo", afirma o delegado.

Vitalmiro se entregou a Polícia Federal do Pará no último domingo, depois de 40 dias foragido. No mesmo dia, em depoimento à PF, o fazendeiro negou sua participação no assassinato, mas não escondeu que conhecia os outros dois acusados da morte: Rayfran e Clodoaldo.

Hoje pela manhã, quando prestou depoimento à polícia Civil, Bida disse que falaria apenas em juízo. "Foi uma atitude de defesa para que não houvesse contradições com o outro depoimento prestado e daí surgiu a necessidade de se fazer uma acareação", aponta o delegado.

A polícia já concluiu o inquérito inicial e agora investiga se houve consórcio, ou seja, se há outros mandantes do crime. Em princípio, de acordo com o delegado, não há provas de que os pistoleiros receberam dinheiro. Para o delegado, o motivo do crime teria sido porque Dorothy "atrapalhava, por meio da sua ação missionária, os anseios dos extrativistas de madeira".

A senadora Ana Júlia Carepa (PT/PA) - da comissão externa do Senado criada para acompanhar as investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang – disse ontem (28) que manteve conversas com o advogado do fazendeiro e que, por intermédio dela, foi negociada a apresentação de Bida à Polícia Federal.

A freira Dorothy foi assassinada com seis tiros à queima-roupa no dia 12 de fevereiro em Anapu, no Pará. Há mais de 30 anos, ela trabalhava junto às pequenas comunidades pelo direito à terra e à exploração sustentável da Amazônia.




Fonte: Agência Brasil

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