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Internacional
Segunda - 28 de Março de 2005 às 12:55

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A Índia, um país que dispõe de armas atômicas e que não assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), acusou nesta segunda-feira as grandes potências de negligência no controle da difusão de segredos nucleares.

Em um seminário realizado em Nova Délhi, prévio à conferência convocada para maio deste ano em Nova York para revisar o TNP, o ministro de Exteriores indiano, Natwar Singh, disse que algumas das grandes potências atômicas "são ativos colaboradores e espectadores silenciosos da contínua e ilegal difusão, e inclusive exportação, de armas, componentes e tecnologia nuclear".

Singh afirmou que a Índia não assinou o TNP porque "temos direito de manter a liberdade de decidir e tomar as medidas necessárias para garantir a segurança nacional", e afirmou que o programa nuclear indiano é defensivo.

O TNP, que data de 1968, é assinado por 185 países e só reconhece como potências nucleares Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, e não outros países que dispõem destas armas, como Índia, Paquistão e Israel.

Singh, que disse que a Índia é "uma potência nuclear responsável", acrescentou que "muita da proliferação (nuclear) clandestina, que é hoje foco de atenção, procedeu da nossa vizinhança", em uma aparente referência ao Paquistão, a outra potência nuclear e rival da Índia no sul da Ásia.

No ano passado, o autor do programa atômico paquistanês, Abdul Qader Khan, reconheceu que vendeu tecnologia ao Irã, à Líbia e à Coréia do Norte sem o conhecimento das autoridades de Islamabad e, desde então, está em prisão domiciliar.

Singh criticou as grandes potências nucleares, especialmente os EUA, por sua forma de enfrentar a difusão de segredos nucleares, já que, na sua opinião, "dá de forma seletiva atenção aos receptores e não presta atenção suficiente às fontes de fornecimento".

O responsável da diplomacia indiana parecia referir-se ao confronto de Washington com Teerã pelo programa nuclear iraniano, enquanto o Paquistão, de onde procede parte da tecnologia que os iranianos possuem, goza da confiança dos EUA.

Singh pediu às grandes potências nucleares que deixem "a mera retórica" e adotem medidas para uma "irreversível e verificável redução" das armas atômicas que possa levar a um desaparecimento definitivo destas e do restante das armas de destruição em massa no mundo.

Singh fez estas declarações horas após o ministro da Defesa indiano, Pranab Mukherjee, criticar os Estados Unidos por desbloquear a entrega de caças-bombardeiros F-16 ao Paquistão que, segundo Nova Délhi, poderiam ser utilizados para transportar armas nucleares em caso de conflito atômico.

Mukherjee qualificou de "injustificada" a entrega dos F-16 ao Paquistão, e afirmou que esta operação de venda de armas "pode ter conseqüências adversas no diálogo global" entre os dois países, inimigos desde sua divisão após a independência do Reino Unido em 1947 e que negociam há um ano um acordo de paz definitivo.

Mukherjee comentou a oferta dos EUA de vender os F-16 também à Índia, e assegurou que Washington nunca ofereceu "equipamentos tão modernos" a Nova Délhi, que avalia a possibilidade de sua compra, admitiu o ministro.

Os Estados Unidos ofereceram à Índia, além dos F-16, os aviões de guerra F-18 e mísseis de interceptação Patriot, que são algumas das armas mais modernas de seus arsenais.

O Paquistão mostrou-se satisfeito pela decisão americana de entregar os F-16, pois considera que estes aviões são necessários para manter o equilíbrio defensivo na região, e não se opôs à venda dos mesmos aparatos à Índia.

Enquanto o Paquistão chegou a um acordo com os EUA para a compra de armamento e equipamentos militares diversos no valor de 1,3 bilhão de dólares, a Índia fez pedidos à Rússia e a outros países no valor de bilhões.

Entre outros equipamentos militares, a Índia encomendou dois porta-aviões, um russo que está sendo restaurado e outro de fabricação nacional que começará a ser construído no próximo mês, com suas correspondentes dotações de aviões e helicópteros.

A Índia também encomendou navios de diversos tipos, submarinos e armamentos variados, e negocia com a Rússia e vários países europeus o fornecimento de outros aviões para a sua Força Aérea.




Fonte: AFP

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