Sharon consolida-se no poder com ajuda de oposição

Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, consolidou-se no poder apesar da grave cisão no interior de seu partido, o Likud. Com a ajuda do liberal Partido Shinui (Mudança), ele assegurou ampla maioria no Parlamento, suficiente para permitir a retirada, em julho, das forças israelenses da Faixa de Gaza.

Yosef Tommy Lapid, chefe do Shinui e líder oposicionista, conta com 14 dos 120 membros do Kneset (Parlamento israelense). Mediante acordo com Sharon, ele vai apoiar a aprovação da lei orçamentária para este ano, que será votada na quinta-feira pelo plenário. Isso impedirá a queda do governo de Sharon e a antecipação de eleições.

No caso de rejeição da lei orçamentária, o primeiro-ministro não só teria de convocar eleições como se veria forçado a abandonar seu polêmico plano de retirada de Gaza - cuja concretização é considerada fundamental para impulsionar o estancado processo de paz com os palestinos.

Pelo menos 13 dos 40 deputados do direitista Likud, intitulados "rebeldes", opõem-se à aprovação do orçamento com o claro propósito de obrigar Sharon a convocar eleições e bloquear a retirada de Gaza. Entre os que rejeitam a retirada figuram também alguns membros do gabinete, como o ministro das Finanças Binyamin Netanyahu - tido como o principal rival de Sharon no caso da convocação de eleições.

A rebelião no Likud fez com que Sharon, acusado de embusteiro e ditador por seus ex-aliados da direita e colonos, buscasse alianças com outras formações políticas, entre as quais o Partido Trabalhista, de Simon Peres. O acordo concluído na granja de Sharon no deserto de Neguev é apontado como sério revés para a direita ultranacionalista. Na oposição, os ultranacionalistas esperavam a queda do governo e a conseqüente suspensão do plano de retirada, que representará também o desalojamento de pelo menos 8 mil colonos judeus de 21 assentamentos em Gaza e 4 nas Cisjordânia.

Em meio esse quadro, extremistas israelenses do assentamento de Itzhar, na Cisjordânia, reiniciaram hoje seus ataques contra agricultores palestinos. E enfrentaram policiais israelenses que lhes deram ordem de prisão.

Contrabando - O ministro israelense da Defesa, Shaul Mofaz, denunciou nes domingo contrabando de armas para movimentos palestinos e adiou a entrega à Autoridade Palestina do controle de Kalkilya, Cisjordânia. A entrega da cidade consta dos acordos firmados entre palestinos e israelenses na cúpula de fevereiro em Sharm el-Sheikh, Egito.

O ministro israelense acusou a polícia palestina de não se empenhar a fundo no combate ao contrabando de armas. Ela teria deixado de prender pessoas envolvidas nas cidades de Jericó e Tulkarem. As armas chegariam do Egito através de túneis cavados pelos palestinos.