Índia e Brasil dizem que falta ambição a ricos em reunião climática
Índia e Brasil acusaram na quinta-feira nações ricas de demonstrarem pouco empenho na reunião climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Doha, e negaram que as economias emergentes estejam recuando das promessas de intensificar a sua ação a partir de 2020.
Os Estados Unidos e a União Europeia, principais emissores de gases do efeito estufa no mundo desenvolvido, dizem que não vão elevar suas metas de redução de emissões até 2020, como parte de um esforço mais amplo para a migração do uso de combustíveis fósseis para energias renováveis.
Por outro lado, as nações ricas desejam mais ação de países emergentes com grande crescimento --a Índia é o terceiro maior emissor mundial de gases do efeito estufa, atrás de China e EUA, enquanto o Brasil está aproximadamente em 17º lugar.
As emissões mundiais de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa, cresceu cerca de 3 por cento no ano passado, em grande parte devido à forte expansão das economias emergentes, e apesar da desaceleração econômica de muitas nações ricas.
Enquanto cada lado tenta marcar posição, as negociações patinam em seus esforços para reduzir uma tendência de aquecimento global, que cientistas da ONU alertam que deverá causar mais inundações, ondas de calor, secas e elevação do nível dos mares.
"Estamos desapontados... por os países desenvolvidos estarem no processo de se fecharem em ambições baixas", disse Mira Mahrishi, chefe da delegação indiana em Doha, em entrevista coletiva.
A reunião climática anual da ONU começou na segunda-feira e vai até 7 de dezembro, reunindo 200 nações.
"Muitos países desenvolvidos não estão... se concentrado no seu principal problema, que é em geral a energia", disse o líder da delegação brasileira, embaixador André Corrêa do Lago, à Reuters.
Mehrishi negou que o grupo de grandes economias emergentes - China, Índia, Brasil e África do Sul - esteja recuando das promessas feitas há um ano de trabalhar por um novo acordo global a ser decidido até 2015, para entrar em vigor em 2020.
No entanto, no último ano, esses países enfatizam que o acordo planejado deve preservar a divisão de obrigações entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento, definida num tratado climático de 1992.
Esse tratado prevê que a liderança da ação climática e das reduções de emissões cabe aos países ricos.
"Não é que os países (emergentes) estejam recuando", disse a indiana. "É um pacote que será aplicável a todos."
Mas o tratado de 1992 define como "em desenvolvimento" nações como Coreia do Sul, Cingapura e México, embora eles sejam mais ricos que alguns países europeus comprometidos com cortes de gastos.
Corrêa do Lago observou que o Brasil está controlando seu principal problema climático, já que o desmatamento da Amazônia caiu neste ano ao menor nível desde o início do monitoramento, em 1988. As árvores absorvem dióxido de carbono quando estão vivas, e o liberam quando queimam ou apodrecem.
E Mehrishi disse que a Índia está comprometida com sua promessa, feita em 2009, de reduzir até 2020 em 20 a 25 por cento a quantidade de carbono emitido por cada rupia de produção econômica, em relação aos níveis de 2005. Isso permite que as emissões subam, mas menos do que o crescimento econômico.
A reunião de Doha busca uma forma de prorrogar a vigência do Protocolo de Kyoto, o qual obriga que quase 40 países ricos cortem suas emissões numa média de 5,2 por cento no período de 2008 a 2012, e relação aos níveis de 1990.
Mas Rússia, Canadá e Japão já decidiram se retirar do Protocolo, ao qual permanecem associados apenas um pequeno grupo liderado por União Europeia e Austrália. Os EUA nunca chegaram a aderir ao pacto, de 1997.
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