Membros do Judiciário suspeitos na morte de juiz capixaba

Rio de Janeiro - Membros do Poder Judiciário capixaba estão sendo investigados por envolvimento na morte do juiz Alexandre Martins, da Vara de Execuções Penais, que completa hoje dois anos. A revelação foi feita ontem pelo secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, Rodney Miranda. O juiz foi assassinado quando saía de uma academia de ginástica em Vila Velha, na Grande Vitória.

"O que podemos dizer é que existem várias correntes sendo investigadas e que a mais forte, hoje, é que temos, como principais suspeitos, membros do Poder Judiciário", afirmou o secretário, ressaltando que parte das investigações não pode ser divulgada por estar sob sigilo judicial.

O secretário descreveu o juiz assassinado como uma pessoa "muito combativa", que teria vários inimigos, "muitos deles dentro do próprio Judiciário". De acordo com Miranda, os interessados na morte de Alexandre Martins estariam incomodados com denúncias envolvendo juízes capixabas.

Os indícios de envolvimento de magistrados, disse o secretário, seriam interferências nas investigações. Testemunhas teriam sido pressionadas para mudar o teor de seus depoimentos à Justiça. Testemunhas afirmaram ainda que integrantes do Judiciário teriam ligação com pessoas já indiciadas pelo crime. Além disso, duas mensagens de fax, recebidas antes e depois do crime, denunciavam uma trama por parte de juízes para matar colegas da Vara de Execuções Penais.

O secretário exibiu à imprensa imagens do depoimento de uma testemunha que afirma ter presenciado o pagamento feito a Giliard Ferreira de Souza pela execução do juiz. Ele teria recebido um envelope com R$ 15 mil na manhã do crime. A testemunha contou que o suposto mandante, um homem baixo, de cabelos grisalhos, chegou ao local em um Vectra vermelho. No pára-brisa do carro havia, de acordo com o relato, um adesivo do Poder Judiciário.

As informações foram divulgadas depois que o juiz da 4ª Vara criminal de Vila Velha, Sérgio Cardoso, autorizou a quebra parcial do sigilo das investigações. Foi ele quem condenou os assassinos de Martins. Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, cumpre pena de 25 anos e oito meses de reclusão. Giliard Ferreira de Souza está condenado a 24 anos e seis meses.