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Internacional
Quarta - 23 de Março de 2005 às 17:23

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O relator especial da ONU para os Direitos Humanos no Oriente Médio afirmou que a paz terá uma esperança na região se Israel demolir o muro de separação e libertar os prisioneiros palestinos e se a Autoridade Nacional Palestina (ANP) controlar as atividades dos grupos radicais.

Essas são as recomendações feitas pelo relator da ONU, John Dugard, em apresentação à Comissão de Direitos Humanos da ONU.

"É um momento de esperança para Israel e a Palestina", afirmou Dugard, insistindo que para que essa possibilidade se torne realidade israelenses e palestinos devem dar alguns passos a mais.

O nível de violência na região caiu de forma considerável desde a reunião de 8 de fevereiro entre o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.

Dugard, durante uma entrevista coletiva em Genebra, afirmou que "se o cessar-fogo for mantido, a Autoridade Palestina terá de garantir o controle dos grupos de militantes responsáveis pela violência contra forças de segurança israelenses, colonos e a população israelense".

O especialista considerou que "há sinais de que a Autoridade Palestina pode conseguir esse desafio. Os palestinos já estão cansados desta intifada que causou tantos sofrimentos".

Sobre o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), o relator da ONU afirmou que este grupo "considera a possibilidade de participar do processo político".

Acrescentou que "Israel tem de cumprir também sua parte no trato e só o fim da atividade militar contra os militantes palestinos não é suficiente".

Durgard sugeriu ao governo de Sharon que "trate com urgência das causas da militância palestina e dos temas que fazem com que haja ações terroristas contra os israelenses".

Para aproveitar este momento de esperança política, Israel deve a curto prazo "demolir o muro de separação, libertar os prisioneiros palestinos, abandonar os postos de controle militares e evacuar todos os assentamentos nos territórios palestinos", afirmou.

Israel libertou 500 presos palestinos e outros 400 ficarão livres em breve, mas nas prisões ainda há 7 mil detentos.

A longo prazo, os dois lados devem abordar o retorno dos refugiados palestinos e o estatuto futuro de Jerusalém.

"Caso se fracasse agora, desaparecerá uma oportunidade que pode não voltar", disse o relator.

No entanto, Durgard ressaltou que "apesar da importância das melhorias conseguidas, elas não significaram o fim da violação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados".

Para o relator, os assentamentos "são a ameaça mais séria para a paz na região. Sem eles uma solução baseada na existência de dois Estados é possível, com eles, é quase impossível".

O embaixador de Israel na ONU em Genebra, Isaac Levanon, expressou sua satisfação porque o relatório de Durgard "indica que israelenses e palestinos têm obrigações" e por "ter feito um claro apelo para que as autoridades palestinas atuem contra o terrorismo".

Levanon, no entanto, rejeitou as críticas às medidas tomadas por seu país "para se defender do terrorismo" e afirmou que muitas dessas alegações eram imprecisas e incorretas.

O representante palestino, Mohammad Abu-Koash, reiterou que o muro de separação "é uma violação do direito humanitário internacional".

Ele destacou que esse momento de esperança deveria ser aproveitado para se passar à ação "em vez de atrasar o que é inevitável", e assim "fazer com que Israel e Palestina tenham relações tão boas como as de França e Alemanha ou Suécia e Dinamarca".

O embaixador dos EUA para os Direitos Humanos, o ex-senador Rudy Boschwitz, disse que Washington acredita que as resoluções anti-Israel afetam a credibilidade da ONU e desta Comissão em particular".

"As resoluções que só castigam uma parte servem para perpetuar a discórdia, em vez de avançar no processo de paz que está em andamento", opinou Boschwitz, que pediu incluir nos debates o mesmo "tom de esperança que refletem as mudanças na região".





Fonte: EFE

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