Otimista, FHC diz que Brasil dará certo porque quer dar certo

São Paulo - Ao contrário do tom crítico que tem adotado em seus discursos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se mostrou hoje otimista com o Brasil, "que vai dar certo porque quer dar certo", em palestra para cinco mil pessoas num evento em São Paulo. "Estou aqui para trazer uma palavra de confiança", disse para uma platéia composta por vendedores da área de informática. Para ele, "o ano passado foi excepcionalmente positivo".

O ex-presidente disse que o Brasil tem se preparado para enfrentar as dificuldades, mas que falta uma poupança interna forte para evitar a necessidade de recorrer a capitais externos. Ele cobrou pressa na reforma tributária e taxas de juros mais baixas. FHC alertou ainda para o déficit crescente da Previdência, mas frisou que isto é um problema grave em todo o mundo. "A despeito de tudo, podemos antever o futuro, e isso nos dá ânimo para avançar", afirmou.

Para o ex-presidente, até os dados demográficos brasileiros são favoráveis. "Há um dado que dá base ao otimismo que estou transmitindo", disse. Segundo FHC, na década de 1970, a população brasileira crescia em média 3% ao ano e hoje a taxa não chega a 1,4%. "Com a queda no crescimento da população, podemos melhorar algumas áreas, como a do desemprego, porque a força sobre o mercado de trabalho terá uma pressão menor", afirmou

O ex-presidente afirmou que algumas dificuldades poderão aparecer "aqui e ali" no caso de turbulência nos mercados internacionais. "Com a globalização, temos alguns riscos, e eu enfrentei muitas dificuldades. Porém, temos a capacidade de superar tudo", afirmou.

O coordenador do evento e diretor comercial da Officer, Fábio Gaia, informou que foram gastos cerca de R$ 1 milhão no evento. Ele não revelou o valor pago ao ex-presidente. "Esperamos cerca de dois anos para trazê-lo aqui", disse.